Enchi a casa de atletas e acabamos de ver Limeira e Franca. Jogaço! Mas ao final do jogo ouvi de um atleta a seguinte exclamação: “Bando de velhos!”. Mas que falta de respeito, tchê. Franca é a expressão da ousadia no basquete. O esquema tática, o jogo coletivo e o nível atlético de seus jogadores é contagiante. Respondi que o time ganhou tudo, mesmo com Márcio errando lances e com o banco sendo composto de moleques. Esse bando de velhos é o time que foi sacaneado pela CBB na Liga Sulamericana e no brasileiro – por que eu não consigo escrever um post sem citar a FGB e a CBB? Deve ser por que são eficientes administrativamente. Mas antes disso, lá e em outros clubes quando ainda eram jovens, esse bando de velhos conquistou títulos e, engraçado, agora, velhos, continuam vencedores. Interessante, não é? Eu quero esse bando de velhos na seleção. Já disse isso nas listas de discussão que participo e que Rogério, Márcio e Helinho deveriam estar na seleção, pelo menos não se negariam a jogar, não abandonariam a seleção e dariam o sangue pela amarelinha.
Agora, o que o parágrafo acima não quer é melindrar os jogadores de Franca e sua comissão técnica. Muito pelo contrário. Esse parágrafo quer mostrar como os jovens, desconhecendo a história dos atletas, a trajetória esportiva, gosta de rotular o pessoal pós 30 anos de velhos e é exatamente o que ocorre no mercado de trabalho – o interessante é que nós estamos em plena era do envelhecimento (1975 a 2025) e teremos, no Brasil, quando este jovem que rotulou Franca como um bando de velhos tiver a idade que o Rogério tem hoje, cerca de 30 milhões de pessoas idosas e deverá representar 13% da população brasileira (são dados da ONU e do IBGE, não é invenção minha).
Tristemente constato, no cotidiano, que os jovens perderam o respeito pelos mais velhos. No esporte é a mesma coisa. Jogadores que resistem fisicamente o passar dos anos nos mostram a evolução da preparação física, fonte de trabalho árduo, de boa alimentação, de resguardo de baladas e demais excessos, coisas que essa juventude não sabe fazer. Mais do que querer enaltecer, este post tem o objetivo de convidar a reflexão sobre grandes atletas que o Brasil possui, com destaque para Franca nesse momento, por que resistiram fisicamente ao jogo muito mais do que Limeira, um time com um grupo mais homogêneo e com reservas capazes de manter o padrão de jogo, ao contrário de Franca que tem um quarteto muito experiente e jovens que completam a equipe com vigor, inteligência e ousadia, formando um conjunto muito forte e que joga, sob a batuta de nosso maior técnico nesses últimos 30 anos – lamentavelmente a CBB prefere um estrangeiro sem história com o Brasil, mas o que esperar de uma entidade que é comandada por um estrangeiro? Naturalização não é a mesma coisa...
Portanto, quero dizer, aos meus jovens atletas, no vigor e na flor da idade, que o respeito aos mais velhos é fundamental para a manutenção de uma sociedade. Hoje, rever a importância e a experiência de vida das pessoas, a maturidade conquistada com o tempo, transforma simples projetos em grandes histórias vencedoras. Lá na Grécia os pedagogos eram os mais velhos, que passavam a experiência que haviam adquirido durante a vida. No basquete é assim. Rogério, Helinho, Hélio Rubens, Márcio estão fazendo exatamente o que é preciso: formar gerações de conhecedores do jogo, ou seja, os mais velhos ensinando os mais jovens. Os jovens de hoje gostam de dizer que possuem atitude, mas possuí-la passa pelo indispensável respeito aos craques da vida e das quadra.
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