Me aproprio de trecho da postagem de Paulo Murilo em seu Blog Basquete Brasil para dizer o óbvio e ser repetitivo: na base precisamos valorizar o treinamento dos fundamentos a exaustão, deixando movimentações táticas em segundo plano. O que ele escreveu reforça isso, por sua experiência e pela citação de trecho da entrevista de Lula Ferreira ao Blog Rebote, do Rodrigo Alves. Quem viu o filme Coach Carter percebeu que, antes do primeiro jogo, o trabalho foi realizado visando qualificar a preparação física e os fundamentos e na conversa pré-jogo ele, o técnico, destaca a capacidade dos atletas para desenvolverem o jogo com o que foi trabalhado até então. E sabendo que o filme é baseado em uma história real fica difícil compreender nossa predisposição/priorização tática sobre os fundamentos do jogo. Leiam o trecho do Paulo Murilo:
“(…)Em termos de tática e filosofia de jogo, qual o maior desafio dos técnicos brasileiros para a próxima edição do NBB?
- São várias coisas. É preciso melhorar em alguns pontos, mas sem perder outros, como o jogo de velocidade. Agora, velocidade sem controle é um risco muito grande. Lidar com isso vai ser o desafio de todos os técnicos. E não podemos abandonar nunca os fundamentos do jogo. Eles são mais vitais que a própria tática (…).
Essa foi uma das respostas do técnico de Brasília na entrevista que concedeu ao Rodrigo Alves do Rebote em 12/06/09.
E é exatamente neste ponto que o basquete brasileiro vem perdendo sua identidade nos últimos vinte anos. Na preparação de nossos jovens e mesmo nas divisões adultas, onde a tática sempre antecede, e na maioria das vezes obscurece a pratica dos fundamentos do jogo. E o resultado está ai, escancarado a todos, numa curva descendente apavorante, em continuidade a um projeto de clinicas nacionais onde a padronização técnico tática é priorizada, e não o ensino sistemático dos fundamentos.
E o que vimos, por mais uma vez na Arena, onde Brasília e Flamengo disputaram a segunda partida do torneio final, senão a confirmação dessa curva descendente, projetada em falhas lamentáveis de fundamentos, de arremessos, de dribles e fintas, de posicionamento defensivo, de ausência quase total de movimentações ofensivas concatenadas e coerentes, e o pior, em reações ofensivas de jogadores a um dos técnicos quando substituídos, e mesmo a realidade dicotômica do que era pedido nos tempos pelos técnicos, daquilo que era colocado em pratica pelos jogadores, como num diálogo de surdos e muitas vezes cegos.”
Há outra maneira de voltarmos para o prumo e recuperarmos nosso status internacional? Se há, por favor me digam.
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