No dia 18/11/2009 me passaram o artigo Além do futebol (
http://www.diariopopular.com.br/site/content/blogs/detalhe-conteudo.php?post_id=1035). Trata-se do Blog Espaço da Redação do Diário Popular, principal jornal de Pelotas, onde a jornalista Mônica Jorge utilizou uma foto do jogo de Terra Nova/Pelotas x Java, realizado em 24/10/2009 para discorrer sobre as dificuldades que o esporte amador tem para ser desenvolvido em Pelotas e direciona, nas entrelinhas, as dificuldades que tivemos para participar do Campeonato Estadual Adulto de 2009. Ao concluir o artigo a jornalista diz:
“alguns profissionais dão a cara a bater e tentam formar grupos de qualidade com o pouco ou nenhum recurso que têm em Pelotas. Porém, a história é sempre a mesma, não aparece patrocínio, não se tem incentivo e os atletas praticamente têm de pagar para poder disputar campeonatos de alto nível. Aí, quando os resultados são desastrosos, todo mundo ri e cobra sem saber do sacrifício diário e do esforço dos envolvidos para poderem, simplesmente, pôr em prática o caminho saudável que escolheram”.
Destaquei um trecho por considerá-lo real e, como jornalista, Mônica foi direto no cerne das questões patrocínio e apoio da cidade, da comunidade e das pessoas vinculadas a determinadas modalidades. Eu apenas fico triste quando falam negativamente de nossos resultados ou riem covardemente pelas costas do que alcançamos. Triste pela limitação e pela falta de coragem dos risonhos, pois eu luto diariamente para fazer o basquete crescer. O que eles fazem? Riem... Não sabem que é um embate cotidiano para ter o ginásio para treinar, dispor de recursos para inscrições, para viagens e para aquisição de materiais – geralmente são reduzidos os valores de mercado pela FGB para adquirir bolas, pois ela reconhece a necessidade de erguermos o basquete da zona sul. Estes que riem me remetem a Mário Quintana e devo deixá-los de lado: “eles passarão/eu passarinho”.
Mas eu penso que a comunidade pelotense que lê este diário precisa mesmo conhecer o Pelotas Basketball Clube. Penso que deveríamos estar enaltecendo a iniciativa do Sr. Fabrício Tavares, ex-jogador de basquete ao meu lado e meu atleta que conquistou o último resultado significativo do basquete da UFPel nos Jogos Universitários Gaúchos em 1996: 3º lugar. Através dele e seus colaboradores conquistamos o apoio da Terra Nova, ligada a Construtora Capa e responsável pelo empreendimento imobiliário Moradas Pelotas. Percebem que o nosso patrocinador é de fora de Pelotas?
Muitas pessoas possuem o desprendimento do vice-prefeito, entretanto arcar com as despesas de uma equipe do próprio bolso é impossível quando se é um trabalhador ou até mesmo um bem sucedido profissional liberal. Entretanto, nosso orçamento é pequeno e seria facilmente absorvido por uma empresa da região ou mesmo dividido por três ou quatro. Ou será que estamos tão falidos que não podemos trabalhar pelo desenvolvimento de nossa comunidade? Por espaços seguros e formadores de nossos jovens?
Com esse trabalho de cinco anos – que culmina com a entrada dos jovens de Pelotas no Campeonato Estadual Adulto Masculino – temos conquistados muitas coisas que, por vezes, passam despercebidas. Vou citar:
- Douglas Kurtz, atleta da primeira equipe do PBC, hoje joga no basquete universitário dos Estados Unidos, pela Universidade do Hawaí;
- Maxwell Ribeiro, que integra nosso grupo nessa empreitada, é atleta do Joinville, onde foi campeão catarinense juvenil de 2009;
- Rober Júnior foi campeão estadual pela SOGIPA, participou de seleções e, por motivos particulares, não se transferiu para os Estados Unidos em agosto de 2008 – deve fazê-lo a partir de agosto de 2010;
- Yannick Chagas Soares já representou Grêmio Náutico União (vice-campeão gaúcho de 2005), E. C. Pinheiros e estava no União quando retornou para jogar por nossa equipe o Campeonato Estadual Adulto. Deve ir para o basquete universitário americano em agosto de 2010;
- Gustavo Moreira, excelente estudante e dedicado atleta, registrou seu nome na história ao ser o cestinha do Campeonato Estadual Adulto Cadete de 2006 e hoje é um dos destaques do Terra Nova/Pelotas;
- Victória Rodrigues, destaque multiesporte de 2009, é atleta do PBC, apesar da imensa dificuldade para montarmos uma equipe feminina mantém-se treinando há dois anos com minha equipe. Já esta treinando com a seleção gaúcha sub-15, jogará o estadual adulto deste ano e se mudará para Porto Alegre para estudar e jogar pelo Colégio Farroupilha;
- outros três jovens, de 16 anos, devem se mudar para Joinville no início de 2011, pela qualidade técnica e dedicação que tem ao basquete. Jogam no grupo do adulto: Benhur Menezes, Rafael Soares e Vitor Viana.
Quando esses jovens teriam esses espaços se não fosse o trabalho que desenvolvo com o Pelotas Basketball Clube? Quando Pelotas teria tantos talentos obtendo espaço se não tivessem oportunidades para jogar além do basquete escolar? De onde mais sobressaem e alçam vôos nossos talentos?
É claro que a situação me preocupa, pois ao mesmo tempo que me alegro por obter êxito em uma indicação, me frustra o fato de ter que enviar os jovens para outros clubes, em outras cidades e estados, mas deixar que o sonho de jogar basquete e as oportunidades feneça na falta de apoio e de patrocinadores eu não farei. Me tornei um exportador de talentos e quando inicia o ano, vários técnicos me perguntam se eu tenho um pivô de tal idade, um armador com tais características, um ala de bom arremesso e velocidade. Penso que é melhor vê-los jogando o basquete, praticando esporte de alto rendimento, alimentando o sonho de serem atletas de ponta do país e estudando em outras cidades do que vê-los pelas esquinas de Pelotas, cada vez mais contaminadas pelo crack e pela violência e isso sem falar no uso de maconha e outros entorpecentes entre nossos jovens que chega a ser assustador – hoje passam por nós nas ruas fumando um cigarro de maconha como se fosse algo normal.
Sem um ginásio próprio, sem infra-estrutura penso que o PBC já fez muito por nossos jovens. Comecei com uma idéia que me perseguia há anos, com um pacote de bolas doadas pelo João Niederauer – sobra das bolas que o União não usaria mais – e um modelo de estatuto na mão. Reuni gente do basquete e fundamos o Pelotas Basketball Clube. Nesses anos todos, muita coisa se ouve e se diz pelas ruas de Pelotas, mas sempre há os apaixonados pelo esporte, como o comando do 9º Batalhão de Infantaria que cedeu espaço no início dos trabalhos, a UCPel, através do Eduardo Folha que também cedeu espaço do ginásio do Campus II,a ESEF-UFPel, através da Luciana Peil e do José Francisco Gomes Schild e a ETFPel, hoje IF Sul, desde o início cede seu ginásio para nossos jogos, no início através do João Manoel da educação física e da atual reitoria, com o apoio da Janete Otte. São essas pessoas que acreditam no valor do esporte e, muitas delas, não são do basquete. Acreditam no bem que o esporte faz para todos nós, seja qual for a modalidade.
Assim, quando entramos no estadual adulto, o fizemos com atletas de Pelotas, muitos deles representantes do PBC desde o início de sua fundação, como somos Fabrício Tavares, Rober Sant’Ana, Marina Treiber, eu, entre outros, fundadores do Pelotas Basketball Clube. Sabíamos que nossos resultados não seriam os melhores, mas seria um passo para termos um espelho e mostrarmos que Pelotas é capaz de participar de competições de ponta com jovens de nossa cidade. Nosso esforço nos garantiu uma vaga para o 8º Campeonato Sul Brasileiro de Clubes de 2010, quando os investimentos necessários serão mais elevados e a participação de patrocinadores de Pelotas deverá ser representativa, pois os jogos não serão apenas no RS, mas incluirá Paraná e Santa Catarina. Chance de aparecer com suas marcas em outros mercados consumidores, como faz a Festa da Uva 2010 ao patrocinar a equipe de Caxias do Sul.
Portanto, todos que quiserem contribuir com o Pelotas Basketball Clube na empreitada de desenvolver o basquete pelotense, sintam-se convidados e bem recepcionados. Há muito trabalho a ser realizado, muitas mãos são necessárias e a boa vontade de contribuir, de torcer no ginásio, de compreender o passo que estamos dando com nossos jovens já é um grande feito. Lembrem que nesses anos todos sempre usamos nossos jogos para contribuir com uma entidade da cidade e criamos, em 2007, o Basquete Solidário, reunindo jogadores do PBC, profissionais que jogaram basquete e que estão em outras cidades e torneios de três pontos, enterradas e de trios com o fim específico de recolher alimentos para entidades que apóiam a nossa comunidade.
Finalmente quero enaltecer estes jovens que estão nesse projeto desde o início, aos que descobrem o PBC e se aproximam, aos que se mantém fiel ao sonho de mais basquete em Pelotas e seus pais que arcam com as despesas através do famoso pai-trocínio nesses anos todos. Estes são, na essência, vencedores.
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