Ano novo, hora de agradecer pelo ano velho e pela oportunidade de vivenciar o novo começo que se aproxima. A vida é um círculo complexo e tão simples que nem percebo como ela vai-e-vem. Há 30 anos eu estava me preparando para a 4ª série do primeiro grau (hoje ensino fundamental) e logo conheceria o basquete no inverno de 1979 – daria meus primeiros arremessos e dribles na quadra da fundação Bradesco, minha escola. Hoje procuro ensinar outros que queiram aproveitar a magnitude desse jogo, mostrar-lhes que possuem poder de superação e que sentir-se-ão alegres com as conquistas... Mas acabamos envolvidos em artimanhas, em favorecimentos, os mesmos que me afastaram do basquete na década passada. Sublimei, mas não foi possível deixar o cara quieto, fazendo o que gosta tranquilamente...
“Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.” (Machado de Assis)
Ano novo, renovo meu desejo de conquistar o mundo, pois sem sonhos não se vive. Mas meu sonho de conquista não é semelhante ao do mega-vilão criado por Joe Shuster (Lex Luthor) – não é vilania e infinitamente mais humilde. São conquistas pessoais, profissionais e outras que surgem das conquistas da minha família, de meus alunos, de meus atletas e do meu projeto esportivo (PBC) que busco. Quando o basquete ganha, eu também me sinto contemplado – essa vitória do basquete não é necessariamente “ganhar um jogo, uma partida”, mas vencer tem o sentido de concretizar o desenvolvimento, a massificação, ou seja, visualizar uma política esportiva por parte do órgão representativo da modalidade voltado para criar oportunidades de mais basquete para todos os jovens do Rio Grande, quiçá, do Brasil.
"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz." (Platão)
Ano novo, sonhos renovados, mesmas pessoas na frente, atrapalhando a visão do horizonte, transformando-o em nebuloso. O que fazer? Pessoalmente eu acredito na justiça – não precisa ser a justiça como instituição, mas a dos homens representada por uma postura ética, responsável e transparente dos homens. Infelizmente ela se mostra cega, surda e muda, mas não para mostrar-se neutra e capaz de julgar de maneira isenta as questiúnculas que envolvem o “jogo”, mas por cegueira complacente e interesseira. Quero recolher-me a insignificância de um treino bem ministrado, com a cabeça livre e a alma flutuante... Visualizando a dança dos passes, a sinfonia do corta-luz (ou pick-and-roll), a plasticidade de um backdoor e a leveza de uma enterrada... Quero reger a orquestra e ver que uns atingem a maturidade e não precisam mais de minha batuta (orientações), aprenderam a ler o jogo, a jogá-lo; enquanto outros ainda me olham angustiados, buscando socorro... É o ciclo da vida representado pelo tempo de aprendizado de cada um e a presença do técnico sempre será necessária.
“Insista em si mesmo; nunca desista.” (Emerson)
Essa é a parte mais complexa do problema, pois o prosaico me é negado. Por que preciso ser tão crítico? Por que não me calo, faço como os outros e finjo que não vejo e/ou até me beneficio disso tudo? Dizem que todo revolucionário paga seu preço. Todo ser de vanguarda – e eu me considero, humildemente, de vanguarda – tem que arcar com a responsabilidade por ter atitude, por agir e não reagir. Isso é importante: saber que ter atitude carrega consigo um ônus que nem sempre queremos arcar, pois sempre será injusto já que a atitude é virtude, é uma luta pelo certo que foi distorcido e tentam nos vender o errado, vergonhoso, desleal como sendo o novo certo.
“Embora tenha passado por tudo que passei, não me arrependo dos problemas em que me meti – porque foram eles que trouxeram até onde desejei chegar. [...] Levo comigo as marcas e cicatrizes dos combates – elas são testemunhas do que vivi, e recompensas do que conquistei”. (Paulo Coelho citando John Bunyan na obra o “Guerreiro da luz”)
Ano novo, resoluções novas ou novas roupagens para os desejos não conquistados no ano velho? Se quero melhorias, mudanças radicais e significativas para o basquete gaúcho, como posso me calar? vocês pensam que não sofro pressões por não ser dependente de algum clube? Não corro o risco de perder o emprego por ser funcionário público? Lembrem, FGB não permitiu a inscrição de minha escola estadual no Campeonato Estadual Escolar realizado em Pelotas em 2008, alegando meus atritos locais e o coordenador local alegando decisão da FGB... Todos somos atingíveis pelo que está ocorrendo, uns por omissão por que não percebem (repito: ou não querem perceber) o que está ocorrendo; outros por ousarem discordar desse imbróglio . Minha visão não é melhor que as dos demais, talvez só minha coragem, atitude e desprendimento seja maior, mas pressões, propostas, telefonemas para trocas de idéias, discutir “cargos” e ouvir sugestões eu também recebo. Portanto, vai ser um ano longo e só posso querer que em 2009, da maneira que for, consigamos fazer um novo fim – qualitativo e quantitativo – com mais basquete para todos nós.
“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.” (Chico Xavier)
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