Atualmente todos falam no Novo Basquete Brasil e na Liga Nacional de Basquete gerenciada pelos clubes. Desde muito tempo questiono o formato anterior e esperava por isso com alguma angustia, pois confesso que duvidava que ocorresse tão cedo. Mas o que está me preocupando é o calendário da CBB para 2009. Vocês viram? Dêem uma olhada (http://www.cbb.com.br/calendario.asp) e me digam: onde está contemplada a gurizada dos 18, 19 e 20 anos? Uma categoria Sub-20, desenvolvida e em ação para projetar novos talentos no nosso basquete? No RS, ao fazer 18 anos, o atleta deve estar pronto para conseguir firmar-se entre os adultos ou esquecer do basquete. Na minha época que com 19 anos se era adulto em todo o país, isso até era aceitável, mesmo eu já imaginando, lá no final dos anos 80, que deveria ter uma categoria posterior ao juvenil. Sabemos que o guri ainda está em fase de crescimento e que, nessa transição da adolescência para a vida adulta, não está fisicamente pronto para confrontos com adultos de 22 anos, quem dera com os experientes de 30 anos. Por isso ficam de fora do adulto. Por isso precisam sair do estado para terem espaço para jogarem no adulto com 19 anos. Isso ocorre com freqüência e alguns conseguem continuar no jogo, mas a maioria, também talentosa, acaba sendo descartada o que, do meu ponto de vista, é uma mostra de ineficiência administrativa e visão reduzida de massificação do basquete.
No RS tenho dito, há anos, que precisávamos acertar as idades e estender o tempo do atleta na base. Desde 2005 venho trocando essa idéia com algumas pessoas, iniciada, naquela época, com o João Niederauer e com o Nédson Meira, que eram, naquela época, respectivamente, técnico do União e técnico da Ginástica de Novo Hamburgo. Fiz propostas para a FGB, sugeri idades, mas nada se alterou até o final de 2007 quando, por extrema necessidade de adaptação a faixas etárias do centro do país, aos brasileiros de base e ao calendário das seleções, tanto da CBB como da FIBA, chegaram a atual fórmula no RS – infanto-juvenil (16 e 17 anos) e juvenil (18 e 19 anos).
Infelizmente, aqui no RS, ao estender dos 18 para os 19 anos a idade da base, a FGB primeiro alijou do basquete, sem dó, nem piedade, os moleques que fariam 18 anos em 2008 e deletou a esperança daqueles que completariam 19 anos no mesmo ano e ainda tinham esperança de continuar jogando basquete.
Jogar basquete. Essa é a motivação desses jovens. Vi, nas ruas de Porto Alegre, de Caxias do Sul e Santa Cruz do Sul, jogadores que em 2007 estavam integrando seleções, com bom nível técnico e promessas locais, com bom potencial para ser desenvolvido, mas que, iniciado 2008, simplesmente não tinham espaço para jogar basquete no RS. Simplesmente não existe uma política de transição para os jovens. Aqui, quem faz 17 anos já sabe: é meu último ano de basquete. Basta olhar os depoimentos, as reclamações e pedidos da molecada na comunidade do Basquete Gaúcho no Orkut (o título do tópico é Palhaçada da Federação, propício o tópico, né? vejam em http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=68258&tid=2520383834752249528). Isso mostra que eles querem jogar e esperam por ações da instituição de administração do basquete gaúcho – ainda não estão prontos para organizarem um torneio da faixa etária deles.
O que faz nossa Confederação de fomento ao basquete de base? NADA!!! Divulga esse calendário contendo eventos como o Basquete do Futuro que termina aos 17 anos. Não vou discorrer sobre crescimento, mudanças e diferenças físicas e fisiológicas entre um guri de 18 anos e um jovem adulto de 22 anos. Totalmente desnecessário, mas a CBB e a FGB deveriam estudar isso e perceber que estão abortando o processo de seleção natural e definindo que o craque de 14 anos deverá, em 3 anos, integrar a equipe adulta de seu clube.
é preciso destacar que se não fosse São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro manterem competições dos 18 e 19 anos – e no Rio de Janeiro ainda terem Aspirante (Sub-23 anos) – teríamos uma lacuna não preenchida de pelo menos 3 anos entre o juvenil e o adulto. Aqui no RS sei que a AGABAS tentou mobilizar em 2008 os clubes que ainda tinham vínculos com os atletas na faixa dos 18 e 19 anos, mas não obteve êxito. Também sei que a mesma associação irá procurar desenvolver competições nessa faixa etária em 2009 e eu ficaria, surpreso e muito feliz, que a FGB se preocupasse com a elaboração de alguma proposta que inclua estes jovens, atentando para a importância no processo de renovação de nosso basquete que esses jovens possuem e mantê-los treinando e participando de competições é fundamental para o basquete gaúcho e brasileiro – mesmo que estejam em fases de transição em suas vidas, com início da vida universitária ou do trabalho, mas ainda com esperanças de concretizarem o sonho de jogar basquete profissionalmente. Se as entidades que podem desenvolver o esporte não o fazem, que incentivo os clubes possuem para manter professor e infra-estrutura para essa faixa etária? Isso mesmo: nenhuma.
Ano passado (2008) mantive muitas conversas com o Jeffersson Garcia da Silva sobre esse tema e foi a partir daí que tentamos desenvolver algum projeto nessa faixa etária, mas por ser a AGABAS uma entidade nova, não conseguimos concretizar a competição nessa faixa etária. Hoje sabemos que, trabalhado desde o início do ano, será possível desenvolver o basquete gaúcho com o necessário projeto de base e com o foco na transição dos jovens dos 18 aos 19 anos para a categoria adulta.
Extremamente necessário destacar o trabalho realizado em Lajeado e Caxias do Sul, onde sempre vemos no banco das equipes jovens dessa faixa etária que se mantém treinando e em processo de transição para o adulto. O diferencial de Lajeado é possuir uma equipe adulta competitiva, tanto a nível de RS, quanto nacional – hoje eles são o que fora Corinthians e SOGIPA no passado. Quantos outros jovens poderiam estar treinando e disputando eventos durante todo o ano se tivéssemos uma competição nessa faixa etária? Esse ano vamos ter a resposta...
Comentários
Aqui na Bahia existe uma categoria chamada sub-22, mas de qualquer foram, o campeonato só é disputado no mês de Dezembro e dura 3 semanas no máximo.
Acho extremamente importante que as federações e confederações criem essa nova categoria pois ela representa exatamente a idade da faculdade (como a NCAA nos Estados Unidos) e nela que os jovens estão se desenvolvendo.
Parabéns pelos textos e pelo blog.
Te mando um abraço do outro lado do país!! Saudações,
Pedro Trindade