O basquete brasileiro é nosso. Meu, de meus atletas, de meus filhos que esperam sua hora, dos atletas dos clubes gaúchos, dos paulistas, dos pernambucanos, dos mineiros, dos técnicos desse imenso país, não dos cartolas. Mas precisamos deles, pois eles administram nossa entidade máxima e as subdivisões regionalizadas. Se fizerem isso de maneira planejada, com estruturação adequada e que nos permita voltarmos a ser o que o Brasil é (um país vencedor), ficaremos felizes. Enquanto muitas nações se digladiam e se matam, nós usamos fuzis dos anos 1960, tal a nossa vocação para a paz que nem precisamos de armas modernas e outros tais – eu sei que perdemos a guerra contra o tráfico de drogas nos morros do Rio de Janeiro, mas lá é conseqüência de más administrações. Há solução, mas para isso o governo precisa querer colocá-la em prática.
Mas e o nosso basquete, o que precisa? O que eu sei é que de um grego por mais quatro anos ele não precisa ou vocês não percebem o estado de miséria que vivemos? Muito menos de um técnico estrangeiro e justamente um profissional que estava apenas acompanhando o basquete mundial, sem dirigir uma equipe há anos. Como técnico eu sei que o dia-a-dia é surpreendente e precisa ser vivenciado para que o técnico possa crescer e possa intervir com qualidade na sua equipe e na leitura do jogo das demais. Nós temos o maior campeão do basquete brasileiro atuante e que vinha desenvolvendo um excelente trabalho a frente do basquete masculino na CBB. Por que esse cara não é o técnico da CBB? Simplesmente por discordar do que fazia o comando da CBB e pela puxada de tapete que recebeu de sua assistência. É a vida.
E atrás da mesa, gerenciando uma empresa, o cotidiano contribui sobremaneira na tomada de decisões certas. Mas o grego é turista aqui, por mais que sempre estejamos de braços abertos para cidadãos de outros países que queiram se tornar brasileiros. Para ele a CBB é um balcão de negócios. Simples. E o pior é que não assume isso. Só se reelegeu em 2005 pelo trabalho de bastidores dos hoje adversários de disputa. E por que são adversários do ex-coligado? Teriam ouvido promessas de sucessão no ciclo olímpico que iniciou em outubro? O que aconteceu que os levou para o outro lado? seria Grego um Coracy, que promete apoiar o novo e abarca tudo para si, enganado clubes e iludindo pessoas?
Vocês dirão que eu sou bairrista, mas eu prefiro dizer a verdade, o que penso: eu não quero um estrangeiro comandando a minha seleção, nem no banco, nem nos bastidores, principalmente se o sentido de brasilidade não está incorporado no cidadão. Não quero um estrangeiro comandando o meu basquete e não tendo a menor vergonha de estarmos fora das olimpíadas por três edições. Em 2012 farão 16 anos que não pisamos no solo sagrado dos jogos olímpicos. Fomos turista em Sydney, Atenas e Pequim. Seremos novamente turistas em Londres?
Finalmente, eu sou favorável que os presidentes, de confederações e federações, sejam remunerados, mas transparentemente remunerados e judicialmente acionados pelas besteiras que fizerem. Nesse oba-oba que está não dá pra permanecer. Profissionalização, transparência e rodízio de idéias, por que do contrário vamos ter um Nuzman no basquete dando golpe para se reeleger. Então, paguemos os presidentes e seus diretores, pois nós, os clubes, já pagamos toda a conta mesmo. Simples. Direto. Serão nossos empregados. Gerenciarão nossos recursos (por serem oriundos dos clubes ou por virem de nossos impostos). Com isso deverão nos manter informados.
O grego não está nem aí para o nosso basquete. A CBB é um negócio para ele. Acordem! O que Chakmati e Nunes prometem fazer? Essa incógnita deve estar sendo respondida aos presidentes das federações estaduais, do contrário não teríamos um cenário de disputa tão midiático, dramático e aguardado. A única coisa que eu espero – e aí vai minha dose de boa fé, de brasilidade – é que o basquete brasileiro consiga estar representado em Londres pelos melhores jogadores que temos e que o desenvolvimento na base ocorra de fato, como foi com o voleibol. De preferência que tudo isso corra com brasileiros gerenciando a entidade e brasileiros dirigindo a beira da quadra nossa seleção.
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