Infelizmente a bagunça continua. Nem é culpa do Carlinhos. É a falta de hierarquia no comando das seleções. Isso, com certeza, será motivo de um bom “pé de orelha”. Onde já se viu atletas se posicionando contra outras? Na verdade elas estão se posicionando em prol dos interesses próprios: mais tempo em quadra, menor risco de corte, configuração tática diferente... Se queremos os melhores atletas brasileiros no masculino, é melhor termos as melhores atletas no feminino também. Ou não? Se queremos “esquecer o passado e trabalhar conjuntamente pelo futuro”, por que perseguir a Iziane? E eu nem fui favorável ao que ela fez em outrora, mas estamos em novo processo, onde se fala muito e se respeita muito pouco.
Grande Paulo Bassul. Excelente técnico. Ter seu trabalho a frente da CBB reconhecido, contrato na mão, salário na conta. Tranquilidade para o trabalho árduo e necessário para as vitórias que todos queremos. Mas técnico é, antes de qualquer coisa, um educador. Mesmo no adulto. Se não há capacidade para reconhecer que houve erros de ambas as partes e trabalhar pelo futuro e, se não há respeito a decisão da Diretora Técnica das Seleções Femininas, não há condições de trabalhar sob a estrutura que estão procurando montar na CBB. Penso que Paulo Bassul deveria contratar um assessoria de imprensa e falar em uníssono com a CBB – deixa pra debater e divergir nas reuniões internas. Vence o melhor argumento.
Iziane reclamou que precisava pontuar e estar em quadra, pois os patrocinadores exigem tempo e scouts mínimos. Enganou-se: na seleção quem manda é o planejamento da diretoria, que o técnico aceita seguir e implanta sua filosofia para vencer e manter o status que adquiriu ao se tornar técnico de uma seleção braileira. Iziane aceita jogar em prol da seleção e não em nome dos próprios interesses? Se sim, tem espaço na seleção, representando todos nós. Do contrário, fica na WNBA, lá o pagamento é melhor, mesmo que a CBB tenha apresentando contrato e seguro a todo o grupo do feminino. Mas eu creio que Iziane queira jogar e que Hortência esta correta. Meu argumento é bem simples: a atleta se negou a jogar no pré-olimpico mundial e foi cortada dos jogos olímpicos de Pequim. Já foi penalizada. Ou vamos expurgá-la para sempre da seleção? Se vamos expurgá-la, para que convocá-la?
Outra questão interessante: quando a diretoria de uma Confederação estende o prazo de apresentação de um atleta é por que acredita ser o mesmo importante para a seleção. Cabe ao técnico administrar a questão e saber que quando esse atleta chegar, não tendo problemas de saúde, de condicionamento físico, sua integração ao grupo é inquestionável. Ou alguém na CBB vai dizer que, quando no auge, Paula, Hortência, Oscar, Marcel precisavam disputar posição com outro atleta? Na atualidade é a mesma coisa com Iziane, Alessandra, Micaela, Nene, Varejão, Leandrinho...
É uma nova ordem, mas é preciso isso mesmo: ter ordem. E, onde há hierarquia, há respeito, comprometimento, unidade, soma dos valores individuais em prol de um objetivo comum.
Todos, atletas, Paulo Bassul e diretoria do feminino deveriam se reunir e a presidência da entidade realizar uma explicação simples: quem cria diretrizes é a diretoria da CBB, quem implanta filosofia de jogo é o técnico da seleção e quem joga, somente joga, são as atletas e sem emitir, publicamente, extra-oficialmente, qualquer juízo de valor sobre qualquer atleta. É preciso respeito e guardar os estados emocionais para si mesmas. Nada de aproveitar e deixar “vazar” qualquer posicionamento que exponha o grupo.
Mais uma vez, temos muito a aprender com o voleibol. Quem vai ir na CBV e pegar a cartilha (manual) dos atletas, ler e aproveitar o que interessa ao bom andamento das seleções brasileiras de basquete?
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