Hoje vi a entrevista pós-jogo do Tiago Splitter e senti mágoa em suas palavras, quando disse que “muita gente no Brasil não acreditava na gente”. Escrevo pra ele e para todos os jogadores, antecipando que o bi da Copa América exige a permanência do mesmo espírito competitivo, o grupo unido e objetivos por etapas, ou seja, primeiro passarmos de fase, fugindo da 17ª colocação de 2006 e com o cuidado de que na Turquia 2010 serão 24 seleções. Portanto, passar da primeira fase será significativo para mostrar a maturidade da nova fase da seleção brasileira.
Splitter, não é uma questão de acreditar em vocês, pois são craques, vencedores na quadra, na vida (quantos percalços e quanto luta para conseguir concretizar os sonhos, não é mesmo?) e nos enchem de orgulho mundo afora. Nós, que ficamos no Brasil, amamos o basquete como vocês e não podíamos nos calar sob anos de desorganização, falta de planejamento e comando na seleção. Ainda temos críticas (um só armador, um técnico estrangeiro, o trabalho de base...), mas quem pode nos condenar por querermos o basquete grande, espalhado por Pelotas, Blumenau, Maringá, Ji-Paraná, Belém, Palmas, enfim, em todos os rincões do Brasil? Podem nos condenar por querermos todos vocês em nossa seleção, fazendo o que fizeram: jogando com amor, com raça e vencendo? Podem nos condenar por criticarmos a herança do Oscar – representada no passado pelo Marcelinho – e ver a humildade do cestinha da NBB por sentir-se feliz em estar no grupo “dos melhores do Brasil”? E quando esteve em quadra contribuiu com os resultados, tanto na defesa quanto no ataque. Isso é positivo.
Splitter, as críticas nunca foram para os jogadores, por mais que queiramos que vocês se posicionassem, enfrentassem “o homem”, sabemos que a posição de vocês é a mais perigosa de todas, pois qualquer atitude contra seria seguida de represálias e – por mais que estejam respaldados por contratos internacionais – logo as mesmas teriam efeito negativo em suas carreiras e a médio prazo lhes traria prejuízo. O talento de vocês, sabemos, é muito do esforço pessoal de cada um; muito pouco de clubes, técnicos e confederação brasileira. Esperamos que muitos outros surjam para substituí-los e que tenhamos muitos deles oriundos dos projetos de massificação da confederação e que a mesma crie sistemas de formação/qualificação dos técnicos como ocorre na Espanha para que não só seus projetos sejam reveladores de talentos, mas os clubes do Oiapoque ao Chuí também possam ter um processo básico de formação e desenvolvimento do basquete, somado as idiossincrasias de cada técnico que é o diferencial nos diversos pólos do esporte.
Portanto, Splitter, demais jogadores e comissão técnica (técnico, assistentes, preparador físico, médico, fisioterapeuta, massagista, nutricionista, roupeiro) da Seleção Brasileira de Basquete Masculino, o resultado desses dias em Porto Rico me fazem um torcedor mais feliz, um técnico crítico com alguns fatos e um eterno aprendiz com a oportunidade de ver um evento dessa magnitude e com o especial detalhe que nos enche de esperanças: o Brasil é Bi-Campeão da Copa América e obteve a vaga para o Mundial da Turquia em 2010. Comemorem e passem a nos ver como quem quer divulgar, massificar e desenvolver o basquete. Mudem o paradigma da responsabilidade para quem tem o poder e nos vejam como críticos, denunciadores da cartolagem (isso difere de gestor esportivo) e integrantes ocultos da seleção, pois queremos as melhores condições para o desenvolvimento do trabalho – desde espaços físicos até material, passando por comissão técnica e dirigentes.
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