Reformaram a praça de esportes em Bagé. Na minha infância, as tabelas estavam lá e sem aro – por anos e anos. Jogávamos no Auxiliadora, após as aulas e nas tardes de sábado - muitos joguinho meia-quadra fizemos lá, na época de 2 x 2. Agora, a moda é o 3 x 3 ou streetball e o ambiente da praça é propício para isso. Mas o jogo é o mesmo, pois ainda jogamos em meia quadra e sem a sobrepujança do estilo And 1.
O interessante nisso tudo é a praça e o basquete bageense. A praça custou um milhão de reais, parceria com o Ministério dos Esportes, mas as tabelas são de madeira e os aros não são retrateis, ou seja, em relação ao montante mais R$ 5.000,00 qualificaria o espaço ainda mais. Logo estarão como na minha infância e permanecerão no chão por muito anos – sabem os basqueteiros de lá que o pessoal do futsal ficava forçando o aro para quebrá-lo e não precisar dividir o espaço.
Não falo de políticas públicas em minha cidade natal, pois há uns 10 anos sou turista por lá, mas minhas lembranças ainda me levam a jogos memoráveis realizados no Militão ou em outras cidade com adversários como Corinthians Sport Clube (Santa Cruz do Sul), Grêmio Náutico União e SOGIPA (Porto Alegre), Recreio da Juventude (Caxias do Sul). Quando eu tinha 13 anos disputávamos com o Ipiranga (Rio Grande), o Guanabara (Livramento), mas Pelotas não figurava no basquete em nossa região. Eles eram bons no voleibol e ganhavam muito de meus amigos que jogavam vôlei pelo mesmo time que eu jogava basquete, a FUnBa. Eram a pedra no sapato da gurizada. No basquete não. Quando eu jogava nunca perdi pra Pelotas e a geração seguinte, do meu irmão, também não. Hoje a situação é diferente...
A inauguração da praça me deixa feliz, pois ali já foi espaço de muita droga, em pleno centro de Bagé. Hoje, revigorada com espaços para a criançada e para a prática do esporte deve ser alvo de políticas públicas que façam dela um local de lazer, integração e de ESPORTES.
Já o basquete bageense deve ter nesse fato uma motivação a mais para se reerguer. Os atletas precisam fazer algo – chega de esperar pelos políticos. Os gestores do esporte devem fazer algo em prol do basquete – chega de deixar briguinhas serem mais importantes do que reerguer o esporte em Bagé, especialmente o basquete, já basta o nosso futebol ser coadjuvante no cenário esportivo gaúcho.
Digo isso baseado no resultado do Torneio de Trios que inaugurou a praça. Dos 8 trios inscritos, 30 pessoas envolvidas, 12 eram de fora. Ou seja, todos que moram em Bagé hoje, a molecada que usa a praça, não formavam 2 times de basquete (24 atletas). Mais do que isso: o título veio para o meu time, Pelotas Basketball Clube (composto por 2 pelotenses e um bageense, um tal de Max), mas a força do basquete bageense precisa ser reerguida, pois é uma das cidades mais importantes de nosso estado e onde o basquete foi importante, foi sede de um brasileiro juvenil e tem potencial, interesse, admiração e provoca desejo de prática e competição na gurizada – sei disso pois fazemos amistosos seguidamente e aquele tal Max trabalha com uma gurizada.
Bagé precisa renovar a prática do basquete. Precisa formar novos atletas, motivar os jovens através de uma equipe competitiva e de um programa esportivo eficaz e integrador da cidade. É urgente a necessidade de ação por parte da Prefeitura de Bagé. Assumir a responsabilidade e desenvolver políticas públicas de esporte para os jovens é o mínimo a ser realizado – e não falem de segundo tempo e do esporte e lazer na cidade (PELC) por que o dinheiro é federal e dessa forma é fácil fazer algo. O milhãozinho que foi gasto na praça representa o necessário para termos voleibol, basquete e handebol (os esportes de quadra com menor espaço de prática), da base ao adulto (como vitrine e com talentos locais) por cinco anos, no mínimo e ainda chamando patrocinadores e apoiadores no período e multiplicando a possibilidade de formação e prática – nesse período um jovem começa a praticar com 12 anos e terá 17 ao final do período citado. Período que a juventude mais precisa de apoio para se afastar das drogas e da marginalidade.
E isso não é uma crítica ou uma idéia específica para Bagé, mas para todas as cidades do RS. Precisamos mudar o paradigma e fazer esporte como fazem SC e SP, por exemplo, através de fundações e de captações de recursos da iniciativa privada. Falo isso, nesse momento, por que Bagé é uma cidade especial para mim, de onde sou e onde aprendi a amar o esporte, a praticá-lo e ensiná-lo, como faço hoje, e lamento que outros jovens não tenham a mesma oportunidade.
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