No final de semana de 28 a 30 de maio minha equipe participou da primeira fase do Campeonato Estadual Sub-19. Foi um fim de semana cheio de altos e baixos. Extrema dificuldade para manter o foco no desenvolvimento do basquete em Pelotas quando não recebemos apoio de ninguém – as pessoas não possuem obrigação de ajudar com verbas de suas empresas, mas algumas pessoas tem a obrigação moral de ajudar o Pelotas Basketball Clube, especialmente aquelas que se beneficiaram do meu esforço, da minha rede de relacionamento e de meu apoio aos seus filhos. Mesmo assim, tive que partir para o “pai-trocínio” e, sem esse, não teríamos participado dessa fase e, consequentemente, estaríamos desligados do campeonato estadual de 2010.
Mas aquele final de semana terminou com um pedido: “sei que tens um blog e sei que irás publicar que foi a melhor arbitragem que tiveste nos últimos tempos”. Sensacional, vindo de quem veio, afinal há anos não convivemos com parceiros de arbitragem e eu tenho criticado fortemente esse segmento do nosso basquete. Estavam lá quatro árbitros, os mesários e o delegado da FGB. A árbitra começou comigo em 1991 e árbitro mais antigo já arbitrava há poucos anos quando eu comecei na FGB. Meu desejo sempre foi formar atletas, dirigir equipes, ser técnico. Arbitrar foi parte desse caminho e por isso sou tão crítico com as arbitragens: sei o que esta acontecendo. E depois de questionar dois lances – um deles eu estava completamente errado, aceitei e disse que iria pesquisar – o normal seria o grupo de arbitragem se proteger e passar a ver só um lado do jogo. Tem sido. Há anos.
Entretanto, o árbitro, Fernando Serpa, veio conversar comigo e ouviu minha colocação e deu segmento ao jogo. Conversou. Não virou as costas, não gesticulou e esbravejou. Nem havia sido ele que marcara a violação. Tivemos uma relação cordial entre árbitro e técnico e o final de semana terminou leve, mesmo que eu tenho sido punido, no primeiro jogo, com um falta técnica e tentativas de intimidação tenham ocorridas – nenhum árbitro deve dizer ao técnico “chega! Deu!” e gesticular cruzando os braços como quem manda moleque calar a boca (nem crianças devem ser tratadas assim), ainda mais quando são questionados do que arbitraram ou deixaram de arbitrar. A disputa – física, técnico e tática – é das equipes e não da equipe versus arbitragem.
Em relação ao pedido, no momento achei aquilo muito engraçado e levei na esportiva. Mas confesso: eu fiquei pensando na frase, no pedido do árbitro. Até pensei que não, mas o clima do jogo, as 9h de domingo – e que perdemos de quatro (04) pontos, não precisei reclamar e não recebi falta técnica – foi tão saudável que, horas depois, já reconhecia que ele tinha razão, tal a leveza que me sentia – não estava com aquele peso de ter sido sacaneado como em outras vezes e até a conversa com os atletas fluiu pelo lado técnico do jogo e nem falamos na arbitragem. Outro fato interessante: até seu companheiro de quadra foi mil vezes melhor que em outras vezes em jogos de minha equipe. O que é extremamente positivo. Quando há conhecimento e os árbitros te respeitam, a confiança que é gerada e o conjunto da obra são significativamente positivos para o desenvolvimento de nosso basquete.
Muito observei o árbitro em questão durante o jogo. Domínio total do jogo. Boa relação com as equipes e com seus técnicos. Sinalizações claras – nada de agarrar o braço quando houve um empurrão e criar dúvida do que marcou. Até violação da regra dos três segundo ele marcou – uma para cada lado, que é uma coisa rara no RS e uma das ocisas que os clubes reclamavam quando eu era árbitro, pois não tolerava o gigante de 2,05m socado no garrafão esperando a bola ou o rebote. Então, repito: foi um domingo onde a preocupação ficou centrada no desempenho dos atletas.
Sendo assim, abaixo o pedido do árbitro. Registrado logo após o jogo. Como ele disse: “direto da final do NBB para arbitrar um jogo do Pelotas Basketball Clube”. Brincadeiras a parte – e elas podem existir e são saudáveis em seu intervalo. Cabe um parêntese aqui. Antes da partida, bem antes, fui cumprimentar todos os árbitros e mesários – sempre faço isso, por vezes após o jogo é inviável, tamanha animosidade, mas tento manter a boa relação e educação que mamãe me deu. E questionei o árbitro sobre a falta técnica no Marcelinho (jogo de 28/5) e o que o Lula havia lhe dito depois que sinalizara próximo a mesa. Depois disso e daquilo, quando eu dirigia em direção aos meus atletas, ele me chamou e disse: “se dei no Marcelinho, não me custa dar em outras”. Referência a falta técnica e momento que eu só pude ter uma reação: dizer que tremia de medo daquilo e levei na esportiva. Seria uma ameaça? Um aviso? Provavelmente ambos, afinal eu fico no pé dos árbitros boa parte do jogo. O engraçado é que durante o jogo nem me lembrei disso, tanto que escrevo isso agora, durante a leitura de revisão dessa postagem só para reforçar que é possível brincar e permitir que as coisas fiquem nos trilhos, sejam corretas e o jogo transcorra com normalidade. Infelizmente nem todos os árbitros conseguem fazer da sua função um trabalho prazeroso de estar entre atletas, técnicos e clubes que fazem a história do basquete gaúcho de forma alegre e divertida.
Por isso, publico a foto que tiramos após o jogo, em 30/5: Daniela Oliveira, Eu, meu fã (Fernando Serpa) e Gustavo Dreyer.
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