"Não, não tenho um caminho novo.
O que tenho de novo é o jeito de caminhar" (Thiago de Mello)
Alcir Magalhães
dirige o Clipping do Basquete. Em junho ele perguntou: “Na sua
opinião o que precisa ser feito para o basquete ser
massificado e voltar ser o segundo esporte mais praticado no Brasil”. E
estipulou o prazo de resposta (assim, em caixa alta e vermelha): “PRAZO PARA RESPOSTAS E DIVULGAÇÃO: ATÉ 20/06/2011”.
Respondi lá no
prazo e hoje publico aqui no blog parte de minhas ideias que tem sido colocadas
no centro
esportivo virtual há 14 anos (sintam-se convidados a
participar), neste blog há cinco anos e no clipping, mas lá, provavelmente,
parte do público não seja o mesmo daqui ou o do CEV. Venho construindo essa
jornada há anos, aprendendo, refletindo, debatendo e colocando o que penso
sobre a administração do basquete brasileiro, sobre as demandas do cotidiano
que interferem no conjunto da obra e muitas vezes não publico aqui. Separando
e-mails enviados, encontrei muita coisa não publicada no Mais Basquete. Estarão
sendo colocadas aqui. Gradativamente.
Vamos a minha
resposta ao Alcir?
MEDIDAS ADMINISTRATIVAS:
1) Transparência. Contas
apresentadas ao público em minúcias. Especificamente com
a verba que vem do poder público, seja via COB, seja via patrocínio, como a
eletrobrás no Basquete, o BB no volei, a Caixa no atletismo;
Cito um exemplo do
que digo: eu tive um patrocinador por causa de uma pessoa ligada ao basquete
aqui em Pelotas que era do marketing da empresa. Ele salvou a lavoura no
primeiro ano do PBC, mas provavelmente investiria mais valores se houvesse uma
união do basquete gaúcho e pelotense. A FGB na época, 2005, meteu o olho, pois
era uma grande empresa de telefonia que estava por trás. O que me foi dito era
que a verba custearia as despesas de arbitragem para todos os clubes. Passei os
dados, pedi que recebesse, mandei e-mail e o presidente foi lá. NEM FOI
ATENDIDO. Foi-me dito que faltava
credibilidade a FGB para que a empresa investisse. É o mesmo caso da CBB hoje e no passado.
Só tem esse forte patrocínio da eletrobrás por que as estatais tem que apoiar o
esporte.
2) Sair do contrato com a Globo. Ela não vai
transmitir em canal aberto a LNB, nem a seleção. Apenas se for amistoso. O jogo
das estrelas foi fracasso de audiência. Se tiver outra tv aberta e que coloque
no papel o número de jogos que transmitirá ao vivo e o número de jogos que
passará depois do jogo, em horários de menor audiência, façam isso. Também
faria um contrato aberto com SporTV, ESPN, Band Sports e Esporte Interativo.
Nada de exclusividade. Se não der, faz um contrato e transmite pela NET. PAGO!
Façam baratinho, tá? Se a liga grava todos os jogos, ela poderá passar, durante
a semana, TODOS OS JOGOS em um canal de internet. Pessoal, eu estou desenhando
uma forma de fazer isso aqui em Pelotas e o custo é baixíssimo!
3) Ações de marketing em prol da CBB com os grandes
jogadores do basquete brasileiro do passado. Eu sugeri
que a CBB fizesse uma parceria com a LNB e lançasse cards de basquete. Isso em
2008/2009! Teríamos nos cards de ouro (ou
amarelo), os campeões mundiais -
e só eles. Cards azuis com TODOS que já
vestiram a camisa da seleção. Essa é a parte da CBB, gerenciar nossas
seleções. A LNB colocaria em cards, lançando as atualizações ano a ano, os
jogadores de cada time e suas estatísticas a cada temporada. Assim, Alex
Garcia, por exemplo, teria card como jogador da seleção e de clube. Adivinha se
o Sr. Presidente aproveitou minha ideia? Mas o Flamengo já fez!
4) Injetar dinheiro da CBB, melhor dizendo: de nossos
impostos que abrimos mão através da Lei Agnelo-Piva. Esses
recursos foram quase R$ 1.900.000,00 em 2010 passados do COB para a CBB. Nossa
confederação tem 11 milhões da eletrobras, não precisa dessa pequena fatia
para, digamos, seus gastos administrativos. Mas colocando isso para os jovens
em cinco (5) pólos do país o basquete crescerá;
MEDIDAS ESPORTIVAS:
5) Regionalizar o basquete, fortalecendo as federações e
os clubes. Tem muita gente querendo fazer basquete, mas
não vê como, não encontra parceiros. Um exemplo: eu iria abrir um núcleo do
Centro de Treinamento do Bábby em Rio Grande, cidade a 66 Km de Pelotas,
através de uma associação esportiva da companhia de energia elétrica gaúcha, a
CEEE. Depois de ver o projeto, eles queriam um elo direto com o Bábby,
concretizar o projeto e me deixar de fora. Tudo bem, foi sacanagem, mas não vou
nem reclamar disso. A questão é que, após meu não, eles desenvolveram o projeto
com os próprios braços e pernas e já tem 40 crianças inscritas, sendo 13
meninas - fiquei sabendo disso hoje (14/6);
6) Seleções de desenvolvimento regionalizadas. Imaginem 30
moleques, se encontrando a cada 60 dias, por quatro míseros dias (ou por uma
semana), sendo avaliados pelos técnicos regionais e pela comissão técnica da
seleção de sua faixa etária... Seriam 150 atletas sendo formados e não os
modestos 16 de São Sebastião do Paraíso que mais mostra a centralização do
basquete do que o Brasil real e que exclui e determina que esses 22 da primeira
fase, mais 13 da segunda fase e os 11 da fase final (46 atletas) são o futuro do basquete brasileiro (nada contra
qualquer atleta, mas como se processam as escolhas). Há muito mais gente por aí
e tem aquele guri/guria de 16 anos, com 2,03m que ainda não acordou para o
basquete. Logo voleibol vem e leva esse guri;
7) Buscar, nas regiões e estados que possuem formas de
utilizar as leis de incentivo ao esporte. Por exemplo,
o time de Caxias do Sul Basquete joga com apoio da lei municipal de apoio a
projetos esportivos. SC tem essa lei. SP também. Seriam mais recursos que viabilizariam,
por exemplo, a seleção brasileira-sudeste fazer um nacional por regiões em São
Sebastião do Paraíso, longe dos grandes centros, movimentando a gurizada da
região. Isso agrega treinamento, desenvolvimento, intercâmbio, competição a 60
jovens daquele grupo de 150 que citei no início. Mas vejam bem: são 150
Sub-15 + 150 sub-17 + 150 Sub-19 = 450 guris + 450 gurias =
900 jovens atletas brasileiros sendo qualificados como os 16 de São
Sebastião do Paraíso.
Com quatro dias de
treinamento a cada encontro, seis vezes por ano, são 72 dias por grupo. Cento e
quarenta e quatro (144) dias para mobilizar 900 jovens atletas (guris +
gurias). Isso é um pouco mais do que foi essa seleção
de desenvolvimento, pois ficaram, aproximadamente, 125 dias juntos e
por quatro (04) meses em um ano. Ou
seja, regionalizar, criar e fortalecer seleções regionais custaria o
mesmo que os quatro meses custaram para 16 atletas – eu falo disso, de
TODOS ou MUITOS TEREM OPORTUNIDADES e não apenas uma minoria selecionada.
Poderiam surgir muitas Izianes (no temperamento e no jogo), isso pode ser
detectado e trabalhado para que no adulto a atleta seja referência e não essa
vergonha que se preocupa mais com o próprio ego do que com a seleção
brasileira. Teremos tantos Nenês que o primeiro nem deixará a saudade que deixa
hoje;
8) Unir ESPORTE + ESTUDO. Sem essa de
pensar exclusivamente em basquete. Os jovens precisam ir à
escola quando estiverem na seleção, nos clubes e em idade adequada. Usar o modelo dos EUA, da NCAA, é um bom caminho;
9) Mini-basquete. A falta de
competição no mini-basquete nos leva a começarmos o trabalho com... O mirim!
Fortalecer o mini é abrir portas para novos apaixonados pelo basquete – podem
vir a serem jogadores e poderão sempre querer estar envolvidos, acompanhando,
vivendo e consumindo... Basquete!
10) Basquete Escolar. Todos os estados
possuem seus jogos escolares e o COB organiza a fase nacional. Entretanto, unir
as federações aos órgãos de esportes dos estados, permitirá acesso a um banco
de dados muito grande e a descoberta de talentos que podem ser trabalhados e
merecem ter uma oportunidade. Não falo em uma seleção estadual imediatamente,
mas em um clube. Ter especialistas nessa área pode ser um bom caminho para a
CBB apoiar o basquete nos estados. Como se detecta um talento? O que queremos
para o basquete? Jogador rápido? Alto? Mediano? Tudo isso, com critério e
padronização nacional, pode render bons frutos.
Quando tenho uma
empreitada pela frente, eu gosto de analisar, avaliar, mudar o que julgo errado
e deixar minha marca – e certamente vou deixar coisas erradas quando sair
daquele trabalho ou tarefa. Mas eu pus o meu melhor naquela empreitada naquele
momento. Há muito mais coisas por fazer.
A atual gestão da
Confederação possui recursos que Britto Cunha e Grego não dispuseram – sim
Grego tinha verbas, mas não semelhante ao montante atual do basquete brasileiro
e destacando que só falamos das verbas oriundas dos órgãos públicos, deixando
de lado Nike, Bradesco e Travel Ace (seguradora)
como patrocinadores destacados e ainda SporTV,
Peter Food, Physicus e Pisossul. Alguém afirma que essas oito (08)
empresas estão no site da CBB por bondade da presidência e/ou da Brunoro
Sports? Não esqueçam que além do patrocínio da Eletrobras não sabemos quantos
centavinhos cada uma das outras sete (07) empresas deposita na continha da CBB
ou em outro lugar. Viram algum jogo do mundial? Quanto custa aquela tarja do
Bradesco em uma camisa de seleção?
Portanto, grana,
dinheiro, cash há. Basta a CBB colocar as moedinhas onde devem ser depositadas:
no basquete brasileiro.
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