Pois é, quem viu o jogo viu que
perdemos por uma bobeira do marcador no final do quarto período - a prorrogação
foi consequência de escolhas erradas no último 1min07seg. Minutos após o jogo
conversei com um amigo do basquete e disse o que deveria ter sido feito ali e
contra a Rússia. E ele respondeu: "Alex, tu conhece o jogo, não tenho o
que dizer".
Então eu vou dizer. A Argentina pediu
tempo e o Brasil vencia 62 x 59. Lá, durante o pedido de tempo debitado dos hermanos o técnico Enrique Tolcachier organizou uma jogada para que um dos MELHORES arremessadores de 3
pontos recebesse a bola em boas condições para finalizar e converter. Última
hipótese: bater pra dentro e cavar a falta. Melhor se for falta e cesta - and
1! Aí vejo o primeiro problema: TODO MUNDO QUE JOGA BASQUETE SABIA DISSO! A Seleção Brasileira não previu isso na defesa?
Antídoto: usar a estatística até aquele momento a nosso favor. Com três
auxilares, Neto poderia ter alguém acompanhando as estatísticas da FIBA, on
line, no banco, dando informações. Já falei disso aqui. Para quem vai essa bola
de três? Fácil, para Garino, é o melhor arremessador do time na competição e
Massarelli fez 2/2 dos 3 pontos no jogo, mas tem poucos minutos de quadra. Olho
no Garino, tem 50% de acerto dos três pontos no jogo. Cuidado com o Massarelli (chutou duas e fez as duas). Nossa! Cabeça de técnico, a mil Km/seg em
60 segundos! Com a estatística, dá pra reduzir a marcha e pensar na defesa.
Do lado de lá eles prepara isso:
Voltamos para quadra e percebemos o
segundo erro: o Brasil quer marcar a Argentina! Percebe-se, no vídeo da FIBA
abaixo, que Neto avisa que Garino esta cruzando e ainda pede para o Bebê sair.
Mas Vezaro escapou do bloqueio de Paredes e conseguiu acompanhar a marcação e
Bebê recebeu um bloqueio de Delia para que Garino recebesse o passe de
Massarelli livre para o arremesse de 3 pontos - dá pra ver a expressão de
Massarelli, com a bola na mão, em posição de passe, quando vê que Garino fez a
volta marcado. Aqui, Raulzinho recua, quando deveria fazer a falta. Aqui Neto deveria
gritar: "falta Raul, falta!" e não "Fundo!
Sai Bebê!".
Eu não sou o técnico da seleção. Mas eu
vi isso. ele não viu? Não é nada pessoal, é profissional. É nosso basquete.
Como disse o Shamell ao site Terra se o Brasil vence, se vai a olimpíada, o
basquete aqui fica forte. Ou seja, mais dinheiro, sendo mais explicito, mas
também significa mais equipes, mais jogos, mais empregos, mais atletas
participando, uma seleção de desenvolvimento com mais gente de todos os cantos
do país, não apenas dezesseis (16) privilegiados - ainda hoje vou falar disso,
lá pelas 18h postarei sobre isso.
Então, naquele 01 minuto que teve com a
equipe a ordem deveria ter sido: deixem repor na lateral e dar um
passe. Façam falta no segundo passe, com bola no chão, sem estar em ato de
arremesso dos 3 pontos, afinal estamos 3 pontos a frente no placar. Assim a
Argentina vai para 2 lances livres e lá vai tentar a segunda bola desesperada
no aro ou vão converter os dois e nos sobra 2 ou 3 segundos com a bola na mão.
Isso deveria ter sido dito. Isso deveria ter sido explicado para os moleques.
Essa é nossa função quando estamos dirigindo uma equipe: orientar.
Terceiro possível problema: se Neto disse isso e os atletas não cumpriram, há insubordinação no grupo e falta de liderança do técnico. Por não termo feito a falta antes do arremesso, Vezaro ter marcado muito bem Garino, escapando do bloqueio do Paredes e Raulzinho ter só cercado a marcação, alternado mão para cima, baixos relaxados e mantido a distância de 1,5m ou 2m do Massarelli permitiu que o atleta argentino tivesse linha de passe para Garino (não pôde usar, Vezaro estava em cima) e tempo para pensar, estabilizar o corpo e arremessar. Em 7 segundos, meu Deus!
Olhem o que aconteceu:
Não sou do grupo que crê que a passagem
de Neto pela seleção deve ser revista. Sei que é uma excelente pessoa e um
profissional dedicado. Profissionalmente, falhou duas vezes: contra a Rússia,
no primeiro jogo, e contra a Argentina, em um jogo de decisivo para Seleção Brasileira. O primeiro, seis
dias antes, deveria estar incomodando e deveria ter servido de lição para
decidir o que fazer no finalzinho do jogo contra a Argentina. Não foi
aprendizado de nada. Agora será?
Por conhecer a CBB, José Alves Neto
deverá rever seus conceitos, reavaliar o processo da seleção de
desenvolvimento, estendê-lo a todas as regiões do país (já falei por aqui sobre
isso), participar de mais cursos, como ministrante, como ouvinte, e tirar as
garras da seleção adulta. Se focar na adulta, na base, na adulta, na base, vai
ficar sem a adulta e sem a base. Foco, Neto, foco!
Vejam o vídeo, coloquem fones e ouçam o
áudio, com as orientações já citadas: "Fundo! Fundo! Sai
Bebê!".
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