A estatística no basquete é cruel. Ela mede o tempo que o jogador ficou em quadra, os arremessos realizados (e convertidos), os erros, as assistências, os bloqueios… tudo. Só não mede se o atleta esta desempenhando um bom jogo sem bola, se os passes estão corretos e se a marcação esta sendo eficiente, ou seja, sobra pouca coisa para o técnico ver (e decidir) corretamente nos dias de hoje. Bernardinho usa lap top e olheira da arquibancada há mais de 10 anos. Com essa nova era de estatística on line, um jogador ficar em quadra sem ser eficiente, só se justifica nas questões citadas anteriormente.
Digo isso, por que a Sub-19 teve vários jogadores com péssimo aproveitamento no ataque (pontos marcados) e mesmo assim ficaram muito tempo em quadra. Apesar da vitória por 9 pontos, iniciamos com 00 x 14 e com Lucas Bebê e Cristiano Felício no banco. Felício entrou em Brasil 00 x 09 Polônia, faltando 06:48. Lucas em Brasil 00 x 11 Polônia, faltando 05:48. A partir daí, o foco da defesa da Polônia saiu do Raulzinho - que já tinha cometido 3 erros e não tinha definido uma bola sequer – e passou a ser distribuído entre Bebê, Raulzinho e Felício. A primeira bola do Brasil foi do Bruno Irigoyen, de três pontos e faltando 04:33 – aliás, é um dos principais pontuadores do Brasil até aqui, junto com Raulzinho, Davi e Lucas.
Mesmo demorando a marcar, terminamos somente 4 pontos atrás, o que significa que ganhamos a segunda metade do primeiro quarto por 10 pontos. Isso após entrarem Felício e Bebê.
Analisando só em estatísticas: Cristiano pontuou e Lucas marcou muito, bloqueando, pegando rebotes.
Está aí o que Paulo Murilo disse: do desejo de ser um ala-pivô, Lucas Bebê está sendo adestrado para ser um típico center (pivô), ou seja, aquele que só pega rebote e não ataca, não pontua.
Mas sair no banco abalou o Bebê. Esse guri é titular nesse time! É diferente do ano passado, quando Walter o trazia do banco. É mais um ano de jogo, de experiências e de estar transformando-se um jogador decisivo. Nessa idade, todos querem ser titulares e os melhores devem sê-lo.
Outra combinação que deu certo foi colocar Raulzinho com Davi, dois armadores! Paulo Murilo deve estar dando pulos, pois o placar abriu pró Brasil justamente aí… O Brasil perdia de 2 pontos e faltavam 07:17 para o fim do jogo quando Neto colocou o Raulzinho, deixou Davi em quadra e tivemos 12 pontos frente, vencendo de 9, ou seja, do momento que Raulzinho entrou até o final do jogo o Brasil venceu de 11 pontos. Com dois armadores: Davi e Raulzinho.
Então, se falo desses moleques, poderia falar de todos, com seus acertos e erros. Mas um me chamou a atenção e que justifica esse post: Felipe Taddei. O moleque fez 1/7 arremessos até metade do último quarto (terminou em 2/8 = 25% de aproveitamento para 2 pontos e 2/4 = 40% de aproveitamento de 3 pontos). Só estar marcando muito para justificar ele ficar em quadra (23:45) com esse desempenho. Lembro que o desempenho do Arthur foi melhor (33% de 2 pontos) e ele jogou só 8 minutos. E ainda dá pra comparar com Vezzaro que é da mesma posição do Taddei, estava tendo melhor desempenho e, mesmo assim jogou somente 18:03.
Por isso, se a comissão técnica do Brasil não utiliza o recurso da estatística on line, dotando o José Neto de informações instantâneas que auxiliam/facilitam na tomada de decisões, é hora de fazê-lo. A tecnologia esta aí para ajudar.
Fazer o time jogar com os pivôs, buscando o jogo interior, o carregamento de faltas dos adversários e a linha de lance livre como amiga é outra coisa importante: hoje tivemos 15 lances livres e convertemos 13 (87%), melhorando muito, pois ontem foram 12/19 ou exatos 63,2%. Mas hoje cedemos 25 lances livres para a Polônia, que converteu 13 (52%). Se eles acertassem o mesmo que nós (87%), teríamos perdido o jogo por 1 ponto. A bola tem que chegar embaixo, temos que cavar faltas nos nossos pivôs e maneirar nas faltas cometidas com direito a dois lances.
No geral, estamos indo bem. Muito bem.
Claro, falo de quadra, pois a CBB não providenciou a transmissão do jogo para o Brasil e continuamos no escuro na área de divulgação do basquete. Vamos esperar as oitavas para ver na ESPN, depois que o Brasil enfrentar Austrália (perdemos nos amistosos), Argentina (ganhamos) e Letônia (dona da casa).
Finalmente, há dias que se consegue um bom desempenho e outros que não se atinge os objetivos propostos. Com muitas partidas durante um ano, o atleta aprende a superar rapidamente a frustração de desempenhos médios e seguir crescendo na modalidade.
Parabéns a comissão técnica e aos jogadores por estarem mostrando que essa geração é louca de especial. Ao futuro!
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