Não concordo com uma única palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-las (Voltaire)
Não
há soberba e não há arrogância de minha parte. Muito pelo contrário, há
humildade, capacidade de argumentação e coragem em expor minhas próprias ideias.
Há consciência que posso contribuir e aprender através do processo da escrita e
do debate. Há nacionalismo. Correndo nas veias, junto com o basquete.
Soberba
e arrogância ocorre quando não respeitamos e não aceitamos como legítimas a
reflexão, o pensamento e as ideias que nossos interlocutores possuem. Debater
no campo das ideias é fundamental. Não concordar é um direito que faz parte de
nosso livre arbítrio e defender o direito da pessoa dizer o que pensa, é um
dever, mesmo que suas palavras sejam contra minhas ações e meus interesses.
E
nossos técnicos não estão defasados, do contrário não estaríamos exportando
tantos jogadores para o exterior. Nossos técnicos estão sendo humilhados e
tendo suas experiências na profissão desqualificadas através de uma comparação
baseada apenas nos resultados e esquecendo a época de poucos recursos e
tecnologia que vivenciaram com a atual abundância de recursos no esporte
brasileiro.
Nossos
técnicos conhecem o jogo. Foi deles a estratégia que nos deu a última vitória
significativa em nível mundial – lembremos que naquela época, 1987, o basquete
argentino estava no fundo do poço. O que mudou por lá? Gerenciamento
profissional. E por aqui, o que houve?
Portanto,
Rubén Magnano é um vencedor. Parabéns. Reconheço suas vitórias e conquistas e
sei que não irei aprender com ele, pois os treinos são fechados para a imprensa
e para os técnicos brasileiros. Por quê? O admiro pelo que fez por seu país e
pela América Latina, mas o quero apenas como consultor, como sugere Mr. Larry
Brown.
Por
isso reconheço mais e admiro a luta de Marcel de Souza, Hélio Rubens, João
Marcelo, Marcos Aga, Cesare Marramarco, Antonio Krebs Jr. (Pitu), Kelvin
Soares, Walter Roese, Paulo Murilo, Paulão (Franca), Mário Brauner, Ary Vidal,
José Medalha, enfim, todos os técnicos brasileiros que batalham cotidianamente
contra o poder ao buscar formar seus atletas e manter o grande jogo
(parafraseando Paulo Murilo) de maneira digna.
Então,
Rubén Magnano e seus asseclas não precisam estar preocupados comigo, com o que
escrevo, pois ele está no Olimpo, degraus – diria escadaria – acima de mim.
Também não precisa calar minha boca com resultados, pois ele não foi contratado
a peso de muitas barras de ouro para isso. Aliás, acrescento que foi contratado
contra a minha vontade e da quase totalidade dos técnicos que fazem este país
manter o basquete sendo praticado em muitos lugares onde o poder não se
preocupa em dar atenção e recursos. Ou alguém acredita que o poder é que forma
os atletas que vestem a camisa nacional?
Finalmente,
penso que se Rubén Magnano vencer, reelege o poder vigente. Se perder, o que
vamos fazer? Deixaremos tudo voltar ao início ou seremos hábeis e velozes na
ação como não querem o poder instituído e o poder paralelo? Se aqueles que
podem enfrentar a dupla – atual e antiga – esperarem muito tempo, será tarde
novamente e serão mais
quatro anos de grandes técnicos estrangeiros dominando e naturalizando americanos, alemães (a geração de
1986 é muito grande), espanhóis e nossos jovens serão apenas espectadores.
É
hora da retomada! É o momento de puxar a rédea e não deixar o baio se largar
campo afora. É hora de escolher um caminho: mais basquete nesse país ou caos
contínuo?
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