Parabéns! Belíssima vitória... De lavar a alma
terminar na frente da Argentina, aliás, jogar o tempo todo na frente é bom
demais!
Um dos motivos para criar esse blog é esse: acreditar
que resultados como o de ontem são possíveis e por querer o basquete espraiado pelo
país. Por isso mais basquete que se pode traduzir por mais basquete nas quadras
públicas (onde existem, né?), nas escolas, nos clubes, nas federações, na
mídia... Mas acima disso, mais basquete, mais brasilidade, mais raça em quadra
com a camisa da seleção. E precisamos de sangue novo para acalmar as
precipitações e expurgar o tal complexo de vira-lata. Sim, nós podemos! Já
provamos isso em Londres-1948, Roma-1960, Tóquio 1964...
Finalmente temos um grupo focado em um objetivo – isso
fica claro nas entrevistas e no semblante frustrado/preocupado frente a derrota
para a República Dominicana. Um grupo a fim de levar o Brasil para onde sempre
deveria estar e de colocarem seus próprios nomes na história dos Jogos
Olímpicos.
Minhas críticas são sempre – e seguirão sendo assim –
ocorrem no sentido de alertar, cobrar, reivindicar, exigir melhorias e
crescimento de nosso basquete. Isso é missão e obrigação da CBB. Então, faça!
Se eu, como tantos outros técnicos e desenvolvedores de pequenos projetos, faço
o trabalho da formiguinha, me sinto no direito de cobrar de quem tá na ponta de
cima que faça o seu. Mas também faço isso por querer ver o Brasil lá, entre os
melhores - e quiçá o melhor. Exponho-me, enquanto muitos técnicos com maior
influência se calam diante de atrocidades administrativas, para cobrar a
necessária reconstrução do basquete brasileiro. Isso é para meus filhos e netos
e para os filhos de todo o brasileiro que quiser jogar basquete.
Parabéns ao Splitter, pela humildade e dedicação à
seleção. Está fazendo o trabalho sujo, pesado, duro na defesa. Pontuar vem com
calma – antes de o Rafael detonar no segundo tempo tivemos duas bolas do
Splitter que giraram no aro e saíram. Uraca pura! Mas também muita pressão da
defesa sobre ele. Isso abriu para os demais irem pontuando, inclusive com
assistências do próprio Splitter, com destaque para aquele passe pelas costas...
Genial!
Parabéns ao Marcelinho Machado que tanto cobro os
exageros dos três pontos e ontem ele conseguiu dar só dois arremessos, sair sem
pontuar, mas dar assistência e contribuir muito na defesa, mas muito mesmo!
Temos que ver o jogo além das estatísticas...
Grande a força do Alex que já nos primeiros segundos
mostrou que Manu não teria uma noite fácil.
Huertas, sempre definindo na hora que precisamos de
pontos, mas ontem ele mostrou por que é destaque na Espanha: soube ver de quem
era o jogo e largou a bola para o guri. Isso é função do armador e bem
executada quando todos esperavam bolas no Splitter, no Guilherme e no Alex e
ele mudou o rumo do jogo – sabemos que os pivôs, principalmente os mais novos,
fazem o trabalho sujo e pouco são servidos para pontuar. Armador tem que saber
ver isso e essa postura foi significativa para o resultado do jogo e para o
grupo da seleção.
Giovanonni, indiscutivelmente é um grande líder, mas
os torpedos dos três precisam ser mais precisos, quando a movimentação em
quadra deixar um jogador livre. E isso serve para Huertas, Marquinhos,
Marcelino...
Marquinhos acordou a dois jogos e continua
significativo para a seleção. Defende bem, participa do ataque distribuindo
bolas ou definindo.
E o que dizer de Rafael Hettsheimer? Simplesmente a
oportunidade bateu a sua porta e ele a pegou. Simples assim. Com simplicidade
não ficou tremendo na defesa do Scola – desde o momento que entrou, marcou firme,
forte e não intimidou-se com a força do nome. E foi pra cima: fez 9/11 bolas de
2 pontos e 1/2 lances livres. É um clássico pivô, pensemos nisso... O parágrafo pequeno não representa a grandeza do seu feito: o surgimento de um novo ídolo para o basquete brasileiro.
Magnano parou o jogo na hora certa no primeiro tempo e
no segundo guardou os pedidos de tempo debitado para o final do jogo, usando os
pedidos de Lamas para reorganizar e orientar a seleção – particularmente eu
gosto de chegar no último minuto com, no mínimo, dois pedidos na manga... Sei
lá, vá que seja necessário...
Para mim, seu maior feito – e pelo qual ele esta de
parabéns – é o simples fato de ter tido coragem de renovar (com brasileiros,
por favor!) dando oportunidade aos jovens talentos, como Augusto Lima, Rafael
Luz e Rafael Hettsheimer. Essa renovação é importante para Rio-2016, mostra que
podemos encarar as seleções das Américas e recompor a base da seleção. Com os
reforços de Nenê, Leandrinho e Varejão seremos uma grande seleção. Claro, esse
espírito de grupo não pode ser rompido e nem o "eu conquistei a vaga, eu vou" deve estar acima do
Brasil, de sermos protagonistas em Londres ano que vem.
Enfim, foi uma grande noite. Entretanto, tudo isso não
muda meu pensamento em relação a técnico estrangeiro, naturalização de
jogadores, treinos fechados e o fato de eu crer que os destaques do NBB (Tischer,
Teichmann e Olivinha) deveriam, no mínimo, ter sido testados nesse grupo e a
experiência ser valorizada, como Helinho, pois estamos jogando com um único
armador novamente – Huertas jogou 39 minutos, Luz 2 minutos e Nezinho é,
realmente, o mascote, pois nem entrou. Talvez esse quarteto, nesse momento,
desse uma versatilidade tática, distribuísse melhor o tempo de jogo,
descansasse os titulares mais exigidos, dando-lhes minutos de folga aos que
estão jogando acima dos 30 minutos e distribuindo melhor a responsabilidade da
classificação.
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