"Mas posso afirmar de cátedra: O Basquete também precisa de nós ou não? Somos honestos, transparentes, delegamos poderes, democratas e acima de tudo temos amor pelo Basquete e somos independentes financeiramente, resolvidos profissionalmente!" (Odair SABBAG)
Sabbag é candidato à presidência da Federação Paulista
de Basketball e autor do pensamento acima. Eu não vejo as coisas com muitas
diferenças de SP para o RS e provavelmente no restante do país. Mesmo que o
candidato tenha outra profissão, que diga e prove que é financeiramente independente,
não necessitas das verbas (como pessoa física) e das jogadas (cartola também
joga, viu!?) que envolvem as federações, eu creio que terá dificuldade em
alcançar o objetivo que traçou nesse momento.
Minha experiência mostra que:
- o cartola profissional, como Carlos Nunes, que não possui emprego,
não tem empresa, e vive para a federação 100% de seu tempo não consegue
gerir a federação, pela falta de credibilidade que coloca no entorno de
suas ações (afinal, esse patrocínio é para a federação ou para a
sobrevivência do cartola?). Isso ficou claro quando o balanço da CBB deu
negativo e todos perguntaram como era possível. Ou recentemente no episódio
dos seguros dos atletas;
- por outro lado, se o candidato está auge da vida profissional e a
federação não lhe paga, ele precisa continuar trabalhando na sua empresa.
Novamente não haverá gestão na federação, mas um conflito nas ações como
cartola e como pai de família.
Por isso que minha proposta é de atualizar os
estatutos das federações, incluindo pagamento de salário, oito (08) horas de
trabalho de seus presidentes, com uma agenda pública, destacando quando viajou,
foi a jogo, reuniões em busca de patrocínios, etc. (não precisa dizer com quem,
mas sabemos que foi fazer algo e que isso estará em relatórios internos da
federação para qualquer associado que quiser ver). E serve para os
diretores. Hoje criar isso é muito fácil.
Há 25 anos não consigo ver diferente desses dois
modelos: o cartola-papão e o cartola honesto com sua profissão paralela a
federação – esse último geralmente é mais honesto – e acaba deixando laissez-a-faire o gerenciamento da
federação por conta de suas atividades profissionais. Perdemos todos com isso.
Bem, chegamos aos clubes. Eles querem mudanças?
Eles querem desenvolver o basquete? Não posso falar por SP, mas no RS o que
eles querem é não apostar na mudança por que sabem que serão perseguidos.
Herança do antigo dono (o mesmo que
vendeu a sede da federação sem autorização dos clubes), que demitiu o
diretor de basquete da SOGIPA em 1994 quando este não votou nele e, mesmo
assim, ele venceu. No dia seguinte foi cobrar da presidência da SOGIPA a
ousadia. Isso na primeira eleição. Aí o medo foi criado e alimentado o dragão
nos anos seguinte, tanto é verdade que conseguiu prorrogar a eleição de janeiro
de 2009 para junho de 2010 ameaçando ser candidato no RS se a eleição local não
passasse para data posterior a eleição na CBB. Os clubes toparam! Despacharam o
inquilino do Bonfim (Porto Alegre-RS) para a Av. Rio Branco (RJ/RJ).
Aqui os clubes contentam-se com o trivial, pois os
associados não são tantos, o esporte não é mais a opção de lazer e as
rivalidades clubisticas não são as mesmas... A mudança na sociedade ajudou a
afundar o basquete. Claro, somada a todos os fatores que cansamos de debater
por aqui.
Quando o assunto é gastos e despesas, os clubes não
somam UM + UM de forma correta. Se eles percebessem ou assumissem mesmo que
pagar 2 nessa conta é o correto, as coisas funcionariam muito melhor, mas eles
aceitam que a conta dê 3 ou até 4. Exemplo: no RS paga-se mais 20% do valor do
transporte por ônibus, mais pedágio para os árbitros deslocarem-se em seus
carros pelo interior na hora de arbitrar. Além disso, levam o valor da passagem
dos demais caronas, transporte interno na cidade dos jogos, mas lá se deslocam caminhando
(só em Caxias vão de carro).
O que ocorre é que poupam para trocar de carro a
custa dos clubes e quando chegam no destino ainda fazem meleca (mas isso é
outro tema).
UM + UM: alugar carros é mais em conta do que esse
sistema, por que simplesmente se economiza os tais 20% e um carro pode ir a
Santa Cruz do Sul na sexta e no sábado e domingo a Caxias com locação de final
de semana, algumas reduções nas taxas... Qual o melhor sistema? Economizar nas
despesas, em prol dos clubes, dos associados. Mas não, os diretores e
presidentes preferem não mexer com os árbitros para que não "errem"
em jogos dos que ousam pensar com a própria cabeça...
Como já disseram por aí, no meio do basquete, sobre
mim: "ele não se dá com ninguém no
RS". Na verdade, enquanto a preocupação for meter a mão, levar
vantagem e fazer errado e não proceder a devida reflexão, serei um peixe fora
d'água por aqui e no Brasil. Se queremos o melhor, temos que fazê-lo. É
inconcebível que tantos queiram o melhor o pior se instale permanentemente como
no basquete. Seremos todos burros?
Eu penso que tem dinheiro para todos no esporte,
basta trabalhar de forma honesta, em uma rede de cooperação e sempre voltado
para o crescimento da modalidade.
O basquete é a única empresa onde o menos é melhor,
onde reduzir o número de clientes (clubes) é sensacional e deixar os talentos
morrerem sem ter onde jogar – perseguir os filhos de quem ousa discordar – e
pegar dois ou três que só dizem amém aos técnicos para justificar uma renovação,
mas que são desprovidos da coragem de serem homens, manterem suas próprias
opiniões e pensamento em quadra... São robôs...
Isso é claro pra mim e é a única coisa que me faz
balançar na forma radical de cobrar melhorias e mudanças: quando atingem os
nossos filhos pelo que dizemos.
Em resumo: reduzindo o número de clubes e ligas,
menores as chances de um Sabbag vingar, pois serão menos pessoas a perceber o
que acontece e a buscar por mudanças...
Portanto, desejo ao Sabbag sucesso na louca ousadia
de querer mais e, chegando lá, profissionalize a gestão, não vire para o outro
lado, não se deslumbre com o COB e as ofertas tentadoras que baterão a sua
porta. Use essas verbas para fazer SP ter mais basquete. O esporte precisa de
espelho, não é o que dizemos? Que SP volte a ser esse espelho, agora em modelo
de gestão.
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