Impressionante. Ligo a TV e vejo um
placar apertado. Logo mostram as parciais anteriores: Franca 23 x 02 Bauru no
primeiro quarto. Meu pensamento imediato: Bauru recuperou-se disso, vão vencer.
Entretanto, jogo a jogo tenho visto um
time jovem, formados em Franca, com alguns jogadores experientes que seriam os
modelos a serem seguidos e que guiariam os moleques. Que nada, os moleques
receberam carta branca do técnico e jogam dentro do sistema estipulado, com um
armador (Figueroa), um ala-armador (Socas), dois alas (Cauê e Léo) e um pivô
(Lucas).
Nesse momento, Bauru pressiona, sem
obter êxito. A gurizada joga com leveza, com fluidez nos movimentos. Com
serenidade nos momentos importantes. Vários ataques definiram restando menos de
quatro segundos no reloginho dos 24 segundos. Não vi um rebote que fosse de
média distância virar ataque rápido. Voltavam no armador e movimentavam: a bola
e os jogadores em uma sinfonia calculada. E com isso gastavam o tempo.
Eu fico pensando de onde vieram esses
jovens? E a resposta todos já sabemos: são os chamados prata da casa. Eles
foram formados pelos técnicos da base de Franca. E tiveram como espelho os
grandes times de Franca da última década. Treinaram sob a batuta de Hélio
Rubens. Tiveram Helinho, Rogério, Drudi como exemplo. Márcio como colega de
equipe. Viram o quanto esses jogadores trabalham para permanecer no topo.
Agora, são comandados por Lula, que
hoje foi ovacionado após o jogo. Merece. Transformou jovens, sob a
orientação de Teichmann e Figueroa em quadra, em protagonistas. Sem
Teichmann, souberam fechar o grupo e encarar a força de Bauru.
Entretanto, no quarto período foram
quatro atletas formados por Franca - e conduzidos por um maestro em quadra, Figueroa
- que assumiram o jogo. Quatro jovens que cresceram entre grandes jogadores e
grandes técnicos. Quatro jovens que estão jogando contra dois americanos e
jogadores mais velhos e experientes. Franca, mais uma vez, não tem americanos
no elenco. Essa gurizada ficou em quadra quase todo o jogo, mais de 80% do
tempo de jogo da equipe. Se incluirmos o Romário (21 minutos e 32 segundos),
estes seis atletas ficaram 90% do tempo do jogo em quadra. Veja os demais:
- Cauê, 37 minutos e 29 segundos;
- Figueroa, mais de 36 minutos e 48 segundos;
- Socas, 20 minutos e 51 segundos;
- Lucas Mariano, 33 minutos e 37 segundos; e
- Léo Meindl, 34 minutos e 36 segundos.
Enfim, o basquete brasileiro tem uma
referência com jovens jogadores. Enfim, podemos ver um grupo jovem chegando ao
topo. Não são jovens implorando por dois minutos no time adulto. São
protagonistas. E assumem o jogo como tem que ser e reconhecem os erros quando
eles ocorrem. Enfim, é um time que tem um forte processo de formação, com
ídolos de grande porte e que agora tem novos heróis: forjados em Franca e
jogando por Franca. E dizer que outro dia, no carnaval, alguns desses moleques jogavam a
final da LDB. Eles não precisam mais da Liga de Desenvolvimento. Vencendo ou
perdendo dia 10, em Bauru, fixaram seus nomes e conquistaram seus espaços.
Parabéns ao Lula pela coragem de promovê-los.
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