Há anos o basquete
gaúcho está em uma curva descendente sem precedentes. Mas antes de propor o
debate, devo dizer que a questão não é pessoal. Trata-se do trabalho de vários
profissionais, de muito clubes que sustentam o esporte. Trata-se da ética na
condução do basquete, sobretudo o gaúcho. Entretanto, se algum envolvido julgar
que isto é pessoal, terei a certeza de que o problema não é má fé, mas limite
cognitivo.
Arrisco dizer que esta
curva descendente começou com o título do Corinthians de Santa Cruz do Sul,
pois lá já houve a suplantação do basquete de base em prol das equipes adultas
– até então as disputas eram fortes, equilibradas, vibrantes e compostas por
jogadores gaúchos de alto nível, a grande maioria gaúchos.
O que faz o basquete
gaúcho ter história é a qualidade dos jogadores de base e o trabalho de nossos
técnicos que buscam, em algum momento, formar equipes adultas por acreditarem
na qualidade do que fazem. Eles estão certo! São competentíssimos, mas não
dispomos de recursos – ou de empresas que apostem alto no esporte de rendimento
– para termos o mesmo êxito de Ary Vidal, basta ver a frustração de Lajeado, a
desistência da SOGIPA e a dificuldade do Caxias do Sul Basquete.
Os jovens talentos,
neste processo, alçavam voo, principalmente, para Santa Catarina, São Paulo,
Rio de Janeiro e Minas Gerais e os clubes gaúchos reiniciavam o processo de
formação de novos craques e no desenvolvimento de mais talentos, todos aptos a
saírem do RS para clubes estruturados e competitivos – é como se o basquete só
existisse por lá. Exemplo disto é que Franca é uma filial dos gaúchos e hoje
tem quatro jogadores formados por equipes do RS.
Então, me parece, que o
esforço é ser referência e disputar os mais competitivos eventos. Estar na
elite nacional. Entretanto, ao chegar no topo, não há mais preocupação com o
todo regional, apenas com o interesse particular da equipe e acaba-se pisando
nos mais fracos, nos coirmãos que mantém com suor o basquete pelo interior do
RS.
Neste processo, as
finais do gauchão, merecem uma análise crítica, destacando que não importa se trata-se
de um clube também do interior, mas responder se a vantagem de estar na Liga
Nacional de Basquete lhes dá o direito de esperarem, classificados a semifinal e
a final da competição? Como demais os clubes aceitaram isto e como a FGB,
Presidência e Diretoria Técnica, propõe uma coisa desta? Este processo leva a outro
grande erro: a vantagem que teria o esporte de Santa Maria e Uruguaiana se as
cidades recebessem a equipe gaúcha que disputa a LNB. É imensurável! Eu sei
disto. Eu vi o Corinthians de Santa Cruz representando a cidade nos JIRGS de
1996 lotar o ginásio em Pelotas e também vi lotar o Ginásio em Rio Grande
quando por lá passou no Campeonato Estadual.
Portanto, estar inscrito
no certame e não participar das fases iniciais é outro grande erro – muito pior
do que não disputar, mas quando se é membro da equipe e membro da Federação
Gaúcha, a coisa fica muito fácil de ser “administrada” por problemas na logística
e pelos compromissos assumidos com a LNB”. Ora, e o compromisso com o
desenvolvimento do basquete gaúcho, onde fica? Atingiram um feito e agora vão passar
por cima? Estou ouvindo dizerem para Uruguaiana: “vocês jogaram todas as
partidas, aceitaram o regulamento e agora que chegaram na final, terão de se
deslocar até Caxias do Sul para jogarem a final na casa do Caxias do Sul
Basquete, afinal é a equipe que representa o RS na LNB e já esperava pela
final. E, vejam só, vocês terão o jogo transmitido pela TV!”. Mediocridade
pura!!!
Enfim, é hora do
basqueteiro do RS tomar uma decisão: agir por mudanças radicais ou ficar
brincando em torneios menores, acreditar que o nível do basquete é este mesmo,
que as muitas tecnologias da atualidade afastam os jovens da prática desportiva
e desconsiderar que é o conjunto do basquete, a falta de credibilidade que faz
com que muitos pais (entre estes alguns atletas de destaque de outrora
também!!!) não queiram seus filhos envolvidos com algo tão amador, tão mal
administrado, tão tendencioso e com possibilidades tão limítrofes como o
basquete gaúcho.
Parabéns Caxias do Sul
Basquete pelo quase título de Campeão Gaúcho de Basquete Adulto de 2015 que, se
conquistado, será histórico: vencendo duas partidas, ambas em casa por “ajustes
administrativos da FGB”. Este basquete é uma piada!
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