De: Carlos Alex Soares [mailto:carlosalexsoares@gmail.com]
Enviada em: segunda-feira, 13 de outubro de 2008 01:34
Para: 'presidencia@presidencia.gov.br'; 'pfdc@pgr.mpf.gov.br'; '1ccr@pgr.mpf.gov.br'; 'esporte@esporte.gov.br'
Cc: 'jcruzz'; (akfouri@lancenet.com.br); 'blogdojuca@uol.com.br'
Assunto: Anulação da eleição do COB
Enviada em: segunda-feira, 13 de outubro de 2008 01:34
Para: 'presidencia@presidencia.gov.br'; 'pfdc@pgr.mpf.gov.br'; '1ccr@pgr.mpf.gov.br'; 'esporte@esporte.gov.br'
Cc: 'jcruzz'; (akfouri@lancenet.com.br); 'blogdojuca@uol.com.br'
Assunto: Anulação da eleição do COB
Excelentíssimo Presidente, Sr Luís Inácio Lula da Silva;
Digníssimo Ministro do Esporte, Sr. Orlando Silva;
Senhores Procuradores do Ministério Público Federal;
Senhores Jornalistas; e
Senhores leitores do Mais Basquete:
Após os jogos olímpicos seria cordial congraçar-me com os destinatários dessa mensagem pelo desempenho do país em Pequim. Ainda que tarde, também seria a oportunidade de destacar o bom desempenho do Pan do Rio-2007. Infelizmente, esse não são os motivos do meu e-mail. Primeiro por que em nenhum dos eventos tivemos o desempenho esperado, quando relacionado com os valores investidos pelo poder público brasileiro. Segundo que questões mais importantes tem tomado o tempo da nação, como o rombo financeiro que está acabando com economias mundo afora.
O que me trás aos digníssimos destinatários são todos esses fatos e, principalmente, a manobra do Sr. Carlos Arthur Nuzman para reeleger-se presidente do nosso Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Talvez não houvesse rejeições suficientes para não ter seu nome aclamado na assembléia da entidade máxima de nosso olimpismo, mas resolveu jogar com o poder que possui e dar as cartas no momento que lhe pareceu mais propício a não ter fracasso: na ressaca dos jogos olímpicos e no silêncio das autoridades com os acontecimentos amplamente denunciados dos Jogos Pan-Americanos do Rio.
Mas passados dez dias do feito, muitas vozes foram ouvidas e o tom era na mesma direção: absurdo e surpresa. Destaco as de José Trajano (que me “contou” a notícia na sexta-feira pela manhã através da ESPN Brasil), a de Juca Kfouri (novamente pelo seu blog), o Blog do Cruz (jornalista do Correio Braziliense) e a do Dr. Alberto Murray Neto, membro reeleito do COB que manifestava, publicamente, a surpresa por ter sido reeleito para algo que não sabia ser candidato – membro do COB. É a própria atitude desse senhor que me encorajou a escrever este e-mail, publicá-lo em meu blog e pedir aos leitores e blogueiros que o divulguem, assim como a mídia esportiva de nosso país.
O Sr. Alberto Murray Neto, em fac-símile encaminhado ao COB e publicado no Blog do Juca Kfouri (http://blogdojuca.blog.uol.com.br/index.html), escreveu: “a legalidade da eleição pode ser amplamente debatida em juízo, através das medidas judiciais que, a meu ver, qualquer brasileiro pode tomar. Ou o próprio Ministério Público Federal, de ofício, ou por provocação de terceiros”. O Sr. Alberto Murray Neto ainda argumenta que por receber verbas federais (exemplo explícito da Lei Piva) o COB perde “a condição de entidade de direito esportivo de caráter privado” não podendo livremente se auto-regulamentar, citando como exemplo do que narra o parágrafo 1º do artigo 4º da Lei Federal 5.139 (12/07/2004) que obriga a entidade a licitar seus gastos.
O objetivo do digníssimo senhor é nobre, claro e explicito no próprio texto: como membro do COB solicita ao Senhor Carlos Arthur Nuzman a convocação de novas eleições, que reconheça o “erro” e que estará demonstrando humildade ao fazê-lo. Nuzman deve estar se divertindo com esse documento, mas certamente não seguirá as sugestões nele contidas.
Por isso dou o passo seguinte, sugerido no fac-símile. Como militante do esporte nos últimos 30 anos de minha vida, especificamente no basquete, solicito ao Ministério Público Federal que promova ação judicial pela ilegalidade ocorrida nessa eleição para o COB, com base nos fatos que narro nesse e-mail e em outros que estão a disposição do clique do mouse, ou seja, só não vê quem não quer, destacando (mesmo reconhecendo que desnecessário) que o pedido se baseia na autoridade que a constituição confere ao MPF e que o objetivo de reverter o quadro de total absolutismo que o esporte nacional se encontra, pois a atitude do Sr. Nuzman abre precedentes para que os presidentes das confederações façam o mesmo, sendo que apenas dois deles foram contrários a reeleição e a condução do processo, ou seja, os demais concordaram com aquele “pane et circense” realizado pelo COB com o claro objetivo de manutenção do poder e em usufruir das vantagens do cargo para benefício próprio ou de parentes e amigos. Aproveito a oportunidade para solicitar as medidas cabíveis em função do relatório do Tribunal de Contas da União que explicita os absurdos que essa entidade realizou com verba pública na organização e durante o Pan Rio 2007. O caminho para essas manobras e abusos são ações na justiça e nosso representante é o Ministério Público federal.
Cabe destacar que minha preocupação é maior e ao mesmo tempo pontual: nosso esporte caminha para os mais volumosos investimentos da história e concomitantemente nosso país caminha – com o que podemos ver, ouvir e testemunhar – para um grande fracasso olímpico, pois esses valores não atingem os atletas como alguns medalhistas olímpicos disseram após Pequim. Já investimos quase R$ 4 bilhões, desembolsados para o Pan do Rio (quase 10 vezes mais do que o previsto) e dos quais o Tribunal de Contas da União ainda espera relatórios, apesar de já ter comprovado, in loco, absurdos estrondosos, como equipamentos de ar condicionado armazenados, equipamentos esportivos que foram entregues pelos fornecedores após o evento, instalações não concluídas e tantas outras questões que geram dúvida e ainda precisam de respostas.
Paralelo aos pedidos de esclarecimentos, o COB, através do Sr. Nuzman, já beliscou mais recursos públicos com a justificativa de que temos condições de sermos sede olímpica em 2016. O Ministério do Esporte, na pessoa de seu ministro, Sr. Orlando Silva, sorri e abre o cofre mais ainda: divulgações da imprensa mostram que os valores iniciais em R$ 85 milhões para defesa da candidatura já pularam para R$ 100 milhões, sem falar nas despesas com salários dos funcionários envolvidos na candidatura Rio 2016 que somam R$ 450 mil por mês, pagos pelo Governo Federal e que facilmente chegarão a mais R$ 4,5 milhões de reais nesse período – se o rio for a cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2016 é de supor que esses valores serão mais 45 milhões em salários e sem mencionarmos o certo aumento do número de funcionários para manter a estrutura. Os valores iniciais aqui citados foram obtidos através de convênio firmado em agosto, em meio ao tumulto dos jogos olímpicos. Interessante, não acham?
Portanto, uma intervenção do Ministério Público nesse momento se faz necessária para transformar o processo eleitoral do COB transparente, para podermos frear essa avalanche de recursos que saem dos cofres de nosso país para o esporte e não atingem quem de direito deveria ser beneficiado: o jovem esportista e o cidadão brasileiro.
Finalmente, esclareço a todos que estou enviando ao COB, a Presidência da República e divulgando esse documento publicamente. Espero que outras pessoas o copiem e enviem aos mesmos destinatários e outros para que sejamos ouvidos. Diferente dos presidentes de confederações que se omitiram no colegiado do COB, eu não preciso de voto secreto para denunciar as artimanhas e estratégias que esses cartolas utilizam para perpetuarem-se no poder. O que os atrai tanto?
Atenciosamente,
Prof. Carlos Alex Soares
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“Achei que convinha mais correr perigo com o que
“Achei que convinha mais correr perigo com o que
era justo do que, por medo da morte e do cárcere,
concordar com o injusto”. (Sócrates)
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