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Turquia 2010 após a derrota – parte 2

No esporte, respeito se conquista com vitórias. Derrota é sinônimo de fracasso. César Cielo disse isso quando avaliou que os resultados de julho/agosto passado não eram os esperados e que precisa ver o que estava fazendo errado nos treinamentos para obter melhores resultados nas próximas competições. reconheceu que fracassou em seus objetivos.
Portanto, fracassamos na Turquia. Se olharmos pelo lado dos resultados, ó vencemos os fracos e inexpressivos Irã e Tunísia e aquele jogo com a Croácia. O debate público e a avaliação interna precisam ocorrer agora. Na véspera dos jogos, com técnico definido e convocação realizada não é o momento mais correto. Por isso falo agora, dou minhas humildes sugestões no período de (re)construção da equipe, da elaboração do cronograma para 2011. Avaliarei em silêncio durante as competições que vierem e voltarei a me posicionar após a próxima competição. O bombardeio de críticas deve ser feito agora e lembrem-se que só quem se importa faz críticas, põe o dedo na ferida, se expõe. No caso, pelo bem do basquete.
Agora, o que penso do Brasil na Turquia-2010.
Temos seis (06) atletas revelados por Hélio Rubens entre 1999/2002 e ainda tem um que nunca – sim, NUNCA – defendeu o Brasil em um mundial e que qualificaria esse grupo significativamente. O nome dele é Maybyner Rodney Hilário (Nenê). Então, esses sete atletas ainda foram convocados para a Turquia 2010 e podem ir tanto ao Pré-Olímpico de Mar del Plata em 2011 como aos Jogos Olímpicos de Londres-2012, se conquistarem a vaga em 2011.

  • Dois desses atletas estão na NBA e dois na Europa. Na NBA, Varejão e Leandrinho, não são “o cara” em suas equipes, mas são parte significativa da equipe, como titulares ou sexto-homem. Nossos pivôs no mundial (Varejão e Splitter) são ótimos defensores, dominantes nos rebotes e capazes, técnica e fisicamente, de jogar na área restritiva do adversário com êxito. Temos o Nenê, esse sim o pivô (5) típico, junto com o Splitter, mas ele nunca defendeu o Brasil em mundiais e não merece ser esquecido, pois teve coragem de se envolver na politicagem da CBB e se opor a gestão anterior, que não é tão anterior assim, pois parte do pessoal permanece e o assessor do grego é o atual presidente;

  • Leandrinho, um ala-armador (posição 2) com bom arremesso, mas que esta habituado a jogar com movimentações/chaves que o colocam em condições de realizar um backdoor ou um jump equilibrado. O outro ala, membro dessa lista de 2002, é um guerreiro, um dos melhores defensores do nosso basquete, que contribui nos rebotes, na condução de bola… E ainda pontua com qualidade. Teve passagem na NBA, mas lesões o trouxeram de volta para o Brasil;

  • Da Europa veio o nosso armador, Huertas, que é mais um definidor (é o que faz no Caja Laboral) do que um organizador do jogo para a sua equipe. Não é um Teodosic (Sérvia) ou Prigioni (Argentina) que pontuam, mas o mais importante é servir os colegas, elevando a pontuação da equipe. Não é, também, um mal jogador ou o maior destaque dessa equipe. É, sim, um jogador que merece estar na seleção brasileira;

  • Guilherme Giovannoni. Esse ala-pivô é um dos melhores do Brasil. Disciplinado, joga para a equipe o tempo todo e, mesmo quando esta no banco, se dedica ao time. É humilde, um cara de grupo e pontua quando os demais colegas estão em um dia ruim. Vejo como alguém sempre mal aproveitado na seleção;

  • Os reservas… Murilo Becker é um excelente ala-pivô, mas é utilizado como pivô (5) nos seus clubes, dificultando a adaptação. Para mim, desde que começou a ser convocado e mostrou versatilidade, deveria ter sido orientado a jogar aberto ou como pivô móvel;

  • Marquinhos é sensacional. O jogo que ele fez contra os Estados Unidos o credenciaram para ter mais espaço em quadra. Não foi o que ocorreu. Jogou 28 minutos contra EUA e para o jogo seguinte já perdeu 12 minutos. Contra Croácia e Argentina? Só 5 e 9 minutos, respectivamente. Fez 16 pontos contra os EUA, foi mal contra a Eslovênia, então recupera o atleta psicologicamente e o coloca mais tempo contra a Croácia. Não, o atleta foi sendo colocado no fundo do banco, sem espaço em quadra;

  • Armadores reservas: Nezinho nem deveria estar na seleção, por ter se recusado a jogar em 2006. Mas vamos perdoá-lo, pois todos somos humanos. Assim, resta a pergunta: o que ele faz na seleção? Ele é mais definidor do que armador e um péssimo defensor. Precisamos de um armador experiente, para cadenciar o jogo? Helinho (Franca) é o nome. Nem foi cogitado e levaram dois armadores que nào contribuiram no momento de mudar o ritmo e a filosofia do jogo. Raulzinho, não vou nem falar, mas indicar a leitura da minha postagem de 24/8: No lugar do jovem talentoso, a experiência... O guri é dedicado, mas foi uma vaga que poderia ser preenchida por armadores mais velhos ou jovens, mas mais velhos que o Raulzinho, como Jefferson (Paulistano), Ícaro (EUA), Ian (Flamengo, 2,00m, armador!!!). Todos esses – e outros – devem ser considerados e trabalhados para 2012 e 2016;

  • JP Batista. A pior das convocações. Eu penso que os técnicos de base da CBB tiveram influência demais nas indicações da seleção sub-18 no início do ano e usaram isso no adulto. Não tínhamos, no Brasil, alguém que pudesse dar descanso ao Splitter e ao Varejão que não perdesse um passe de peito no meio da quadra? Fala sério… Rídiculo! Temos pivôs na NCAA, como Douglas Kurtz (University of Hawai’i,  tem 2,17m - 122Kg), Renan Leichtweis (Bilbao, Espanha), Luiz Paulo “Lupa” (era atleta do E. C. Pinheiros e hoje estuda/joga Marshalltown Community College, tem 2,10m - 113Kg), entre outros.
Pois bem… É bem possível que cinco dos seis jogadores (incluir Marcelinho Machado) que formam a base dessa equipe adulta (Varejão, Splitter, Leandrinho, Alex e Giovannoni) desde 2002 esteja no pré-olímpico de Mar del Plata em 2011. Ainda temos como certos Huertas, Murilo e, possivelmente, Nenê. Os outros voltam a disputar uma das quatro vagas restantes. Precisamos encontrar um armador capaz de organizar o jogo para a equipe nesse período e a pergunta é se a CBB vai olhar para os muitos atletas brasileiros que estão na Europa e na NCAA e, ainda, se na hora da convocação não vão criar uma briga com a CBDU por causa da Universíade de 2011 (Shenzen, China, de 12 a 23/agosto), como foi em 2009.
Espero que lá eles façam a sua parte e vençam seus jogos sem precisar que outro país o faça por eles – ontem tivemos que torcer pelos EUA quando a Turquia se aproximou do placar e os comentaristas das tv’s voltavam a explicar a importância dos EUA vencerem o campeonato mundial para facilitar o nosso trabalho pela vaga olímpica. Isso é um indicativo que deixa claro que tem algo errado quando torcemos contra os outros para obtenhamos o título, a vaga. Ligar o sinal de alerta, reavaliar tudo – do técnico aos atletas, passando pelo acompanhamento do maior número de atletas com potencial de seleção que estão fora do Brasil – são ações para serem concretizadas agora. Não em abril ou maio de 2011.

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