Tenho lido e percebido palavras e atitudes que mostram revolta, tristeza e um sentimento de impotência na grande maioria dos basqueteiros. Isso em relação aos estrangeiros na seleção brasileira.
Entretanto, venho externando algumas dessas posições há anos. E outros o fazem. Destaco que eu tenho minhas preferências, de técnico a jogador. Por exemplo, creio que Hélio Rubens tenha cacife para dirigir a seleção, que Helinho merece minutos qualitativos para a equipe pelo que desempenha no NBB nas últimas três temporadas. Mas eles não convocam jogadores de Franca, só depois que saem de Franca e se estão na lista e vão para Franca, não voltam à lista. Falo de seleção principal.
Eu critiquei, certa vez, Hélio Rubens e Helinho na seleção, por que criticava o Manteguinha e tinha que ser coerente. Manteguinha tinha o pai dentro da CBB. Mas Helinho é superior tecnicamente. Naquela época Manteguinha era tido como a revelação do Brasil na posição, que estava ali por méritos. Onde ele jogou nos últimos anos? Para onde foi? Quando foi citado entre os melhores do país? Esteve nas seleções pelo mesmo motivo que começaram a convocar Raulzinho agora.
Nesse momento, o que nos une é a tal ojeriza a estrangeiros em nossa seleção – como diz o Balassiano, não é xenofobia. Acrescento que não o é, até por que temos xenofilia por algo estrangeiro (como basquete americano, por exemplo). Bom, primeiro o técnico, depois o assistente para o Mundial, depois o mesmo assistente para um pequeno período que se estenderá até o fina do pré-olímpico - tirando João Marcelo e Régis do grupo e colocando o inexperiente Demétrius que recém saiu das fraldas no comando de treinamentos e equipes, apesar dos resultados obtidos. Finalmente, colocam mais um estrangeiro, agora em quadra. Um americano. Penso que a CBB sabia disso e não quis revelar. E nossos técnicos nessa história? Só perdem. Perdem experiência, oportunidades e nós vamos estar no ciclo da dependência para 2016.
Junta-se a nós Oscar Shimidt que diz que como brasileiro, soldado da pátria, tem que defender a seleção como se em guerra estivéssemos. Concordo com isso. Veja e ouça atentamente em http://esportes.r7.com/blogs/oscar-schmidt/2011/06/19/selecao-brasileira/. Uma das coisas que ele diz é que jogou cinco jogos olímpicos e que eles classificaram o Brasil para todos. Ele esta certo!
Dei-me ao trabalho de garimpar algumas postagens no Mais Basquete para valorizar o diálogo e para apreciarem a minha escrita e verem minha posição em relação a isso tudo desde o início.
Colinas e Magnano são a ponta do iceberg (02/10/2010)
Sobre o fracasso de Colinas e de Magnano nos mundiais eu escrevi:
"Carlos Colinas e sua consciência tranquila e o grande Rubén Magnano são escolhas de vocês. Se eu escrevesse uma linha contra em março, era crucificado... e o fui. Agora a culpa é deles? NÃO!!! Eles são profissionais e vieram atrás do que a CBB podia fazer por eles: dólares e euros".
Tive dois comentários publicáveis (os demais, deletei). Do Colin: "Continuo defendendo o Magnano, pelo trabalho que ele já fez na carreira [...]. O Magnano já disse que só fica na Seleção se puder ter ingerência no trabalho da base. Ele não se recusa a trabalhar com brasileiros, tinha Neto, João Marcelo Leite e Regis Marrelli como assistentes e nos dois últimos confiou para dirigirem o time no sul-americano. Ele já viu que investir nesse time atual não adianta, que nomes como Murilo, JP, Nezinho não servem nem para seleçao B e que Marcelinho vem queimando sua última lenha. Confio e coloco a mão no fogo por ele. Acho que não vou me queimar. Os técnicos brasileiros pararam no tempo, precisam de mais convivência com o exterior, e isso tem que partir da CBB e da tal escola de treinadores. Mas essa é dirigida por um preparador físico, né?"
Agora o do Alexandre Rocha: "Helio Rubens dirigiu a seleção brasileira por mais de uma decada. Seja de modo direto na CBB ou no time Base: Franca. E o que tivemos? A geraçao Helinho. Ta com Saudade?"
Bem, o passo seguinte é cruel: assistente argentino e armador americano, com processo de naturalização ainda não resolvido. Ou seja, vai se naturalizar para jogar na seleção e, quiçá, uma edição dos jogos olímpicos, pois pela seleção americana não teria espaço. Aliás, observação óbvia até para atleta do mirim. Ao contrário do Shamell, que constituiu família e esta feliz em viver no Brasil – pode ser que vá embora, mas hoje ele tem mulher, filhos e diz amar o Brasil.
"Então, essa fase de Rubén Magnano e Fernando Duró a frente da seleção tem que ser transformada em aprendizado, de formação de novos e competentes técnicos do basquete brasileiro - não aquele cursinho da ENTB."
Um elogio após a derrota para os EUA no Mundial, mas que foi por terra no jogo seguinte: o laço argentino sobre o mesmo time. O técnico foi outro, o time foi outro, os adversários foram outros... Claro, mas eram inferiores aos EUA e mesmo assim nos socaram. Scola foi demolidor. Delfino com bolinhas certeiras, na hora que precisavam...
Em busca da auto-estima (Parte I) - (23/01/2010)
"A primeira coisa que chama atenção na administração de Carlos Nunes esta na criação dos coordenadores de seleções, cargos de Hortência e Vanderlei. Ele trouxe quem esteve nas quadras para administrar e gerenciar questões como os jogadores da NBA, da Europa e Iziane, por exemplo [...]"
Veja, eu também cometi erros ao acreditar que ser presidente da CBB para o Carlinhos Nunes era importante para desenvolver o basquete brasileiro. Que Vanderlei e Hortência - principalmente a Rainha - iriam fazer algo positivo a frente das seleções masculinas e femininas. Promover Janeth e Demétrius é promover os amigos e desmerecer, ofender os profissionais que estão batalhando pelo basquete há anos e são deixados de lado. Eu quis acreditar no Carlinhos, mas o balanço da CBB mostra exatamente o que vimos no RS: começou uma marolinha que virou uma sequência de tsunamis. Cuidado!
Splitter, sempre acreditei nos jogadores do Brasil (08/09/2009)
"Splitter, não é uma questão de acreditar em vocês, pois são craques, vencedores na quadra, na vida (quantos percalços e quanto luta para conseguir concretizar os sonhos, não é mesmo?) e nos enchem de orgulho mundo afora. Nós, que ficamos no Brasil, amamos o basquete como vocês e não podíamos nos calar sob anos de desorganização, falta de planejamento e comando na seleção. Ainda temos críticas (um só armador, um técnico estrangeiro, o trabalho de base...), mas quem pode nos condenar por querermos o basquete grande, espalhado por Pelotas, Blumenau, Maringá, Ji-Paraná, Belém, Palmas, enfim, em todos os rincões do Brasil?"
Creio que esse trecho diz muito do que queremos Sabbag. Não é mesmo?
Eu disse em um dos parágrafos: "A seleção brasileira de basquete passa por isso: todos queremos impor nossa metodologia. Uns querem que sigamos os norte-americanos e outros os europeus. Há ainda os que querem impor a ginga brasileira e a malícia do streetball que só cresce por aqui (por quê?). Mas o que todos queremos é VENCER. Estar entre as quatro melhores seleções, obter vagas para mundial e olimpíada".
Para finalizar, todas as pessoas que estão do lado de fora do basquete merecem espaço no próprio basquete, mas alguns são menos viciados do que nós e mais pragmáticos com as necessidades diárias: é preciso viver/sobreviver e para isso trabalhar é preciso. Não estão errado e não os julgo por isso. Vejam a paixão com que Guilherme Kroll se declara ao basquete e as necessidades de se manter ligado a um projeto de futebol. Se o basquete for massificado, essas pessoas terão novamente espaço, poderão viver do basquete. Enquanto for elitizado no centro do país, com apenas 20 clubes sendo considerados de ponta, não haverá lugar para todos. É preciso fazer uma transição dos poucos para muitos. É simples. É matemática: mais clubes disputando torneios estaduais, mais comissões técnicas, mais dirigentes, mais possibilidades dos estados estarem representados no NBB e, quem sabe, na seleção.
Vou torcer a favor do Brasil, é óbvio, mas minha postura é a mesma: globalização tem um limitante que é a seleção brasileira. Se os outros países quiserem por técnicos brasileiros, bom para o nosso esporte e crescimento. Mas aqui devemos priorizar os brasileiros. Não importa se Magnano classificar o Brasil. Para Carlos Nunes, double-chpa, isso não quer dizer nada.
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