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Nenhuma novidade, somente convite à ação

Ontem foi o dia de comemorar a liberdade para os norte-americanos. Lá onde o maior, mais organizado e cobiçado basquete do mundo é jogado. Lá onde índios, nativos e negros foram massacrados por séculos. Lá onde os gases poluentes e as land hovers estão ajudando no aquecimento global e o governo se nega a assumir tratados internacionais para preservar a vida no planeta. Com seis bilhões de habitantes estamos entrando em extinção. Mas lá continua sendo a Meca do basquete e dez em cada dez basqueteiro sonha em jogar no melhor basquete do mundo. Dez em cada dez trabalhador sonha em ter o melhor emprego e o maior salário que sua qualificação pode lhe dar. Só o Oscar abriu mão de jogar no Nets, ganhar uma fortuna, para defender o Brasil em olimpíadas e mundiais — lá na NBA onde o salário mínimo é em torno de US$ 700 mil, ou seja, um jogador de ponta brasileiro leva duas ou três temporadas para igualar esse mínimo e sem ter as mesmas mordomias extras e espaços para marketing e merchandising que significa mais dinheiro.
Mas a terra dos livres é apenas uma entrada para falar da organização do nosso basquete. Eu quero saber como está em outros estados, mas aqui, no RS, se dividirmos o estado ao meio, passarmos uma linha reta de Porto Alegre (no leste) a Uruguaiana (no oeste) não temos uma única equipe participando de competições oficiais da Federação Gaúcha de Basketball (www.basquetegaucho.com.br). A divisão do estado em ligas poderia ser uma solução para aproveitar a tímida massificação que o basquete de rua americano vem fazendo nas praças e ruas do Brasil. O streetball é o berço de grandes astros, trampolim para liga de menores, para as universidades e, posteriormente, para a NBA— lembram daquele salário mínimo citado acima, pois é, os americanos dos guetos e dos subúrbios, aqueles excluídos e massacrados do passado, sonham com ele ou com a sorte grande do draft.
Infelizmente nossa realidade financeira não permite uma competição estadual forte, com todos os cantos do Rio Grande participando. Estamos limitados à metade norte do Rio Grande do Sul. Por isso que a organização em ligas regionais é a solução para desenvolver o basquete em nosso estado. Em todas as cidades que tenho contatos temos jovens treinando, clubes com equipes de base, escolinhas funcionando, mas afastados do campeonato estadual, berço do melhor e oficial basquete gaúcho. Fomentar o basquete nessas regiões deveria ser uma estratégia desenvolvida por dirigentes regionais e pela Fundação de Esporte e Lazer do RS (FUNDERGS). Cabe aqui um parêntese para dizer que a criação deste órgão foi um tiro no próprio pé do esporte gaúcho. Baseada nos modelos catarinense, paranaense e paulista, entre outros, a criação da mesma visava à busca de recursos na iniciativa privada, como funciona em outros estados brasileiros. Hoje ainda vive dos recursos do governo do estado e com reduções nos percentuais recebidos pela maneira como foi criada.
Caso atletas, técnicos e dirigentes de basquete da metade sul se mobilizem e busquem na Federação Gaúcha e na FUNDERGS o apoio necessário para o desenvolvimento do basquete na região, criando duas ligas (leste e oeste ou Zona Sul e Região da Campanha, por exemplo), é possível termos, a médio prazo, mais basquete na região, um número maior de praticantes e mais jogos para todos que sentem saudades de bons encontros nas quadras de basquete.
Foi assim que a NBA foi criada, através das ligas menores que cobriam pequenas zonas e desenvolviam competições organizadas e de bom nível técnico. Cresceu tanto que surgiu a NCAA e a NBA e hoje a D-League como braço de formação de atletas da própria NBA. Diferente dos americanos, o basquete no Brasil é um esporte de elite e essa é uma realidade que precisa ser modificada ou ampliada. Somente grandes e tradicionais clubes mantêm equipes de base. Equipes de bairros e ligas de menores inexistem. Massificação, por aqui, é coisa do futebol, do organizado voleibol e agora do handebol, que nos passou em termos absolutos de praticantes. Também somos um povo heróico, herdeiros de farrapos e maragatos que conquistou no braço este estado e devemos mostrar que um filho dessa terra não foge à luta. Como conquistar isso? Com trabalho árduo, longo, coletivo e organizado. Um passo de cada vez para tirar o basquete da metade sul do obscurantismo.

Comentários

Anônimo disse…
Caro Carlos Alex,
Pensando em suas colocações me ocorre ainda o seguinte pensamento, que todos os anos temos campeonatos escolares, aqui no Rs patrocinados por uma empresa de alimentos e que levam um grande número de escolas de quase todas as regiões do estado. Sei que não surgirá uma equipe perfeita da noite pro dia, mas a fromação é nossa saída. Formar treinadores competentes e posteriormente formar atletas vencedores.

Investir em formação seria a saída mais viável para federação, partindo de lá e não de cá como normalmente ocorre com atitudes isoladas de treinadores e professores. A união em prol do Basquete, que em teus textos até já chamastes de SINERGIA é o ponto comum de qualquer ação que venha para o bem do Basquete.
Abraço a todos os basqueteiros de plantão.
Basquete Brasil disse…
Prezado Carlos Alex,parabéns pela iniciativa,torço pelo seu sucesso.Um abraço,Paulo Murilo.
Suzana Gutierrez disse…
Oi Carlos Alex

Que este espaço possa mobilizar as sinergias de que falas no teu texto.
Eu trabalho com basquete escolar faz pouco tempo e vejo como um dos principais limitadores de um maior desenvolvimento do basquete nas escolas (nas que tem instalações e material) a questão do tempo que pode ser dedicado às atividades extra-classe.

No caso das escolas com mais recursos, a grande gama de opções oferecidas; no caso das escolas com menos recursos, as horas de trabalho de professores e alunos.

abraço!

Suzana
CMPA
Anônimo disse…
Muito boa as colocações Carlos.

Apesar de sabermos que o Brasil direciona todos os focos para o futebol, seria interessante investirmos nas idéias de colaboração entre todos...

Todos estão vendo o potencial de alguns jogadores que estão na NBA( Leandrinho, Varejão) que aos poucos vão tomando espaço. Isso gera uma maior procura. Mas é sempre bom salientar que muitos não sabem 'onde começar' pq tem pouco incentivo.
Na minha cidade por exemplo Erechim, Rio Grande do Sul cerca de 100 mil habitantes, contamos nos dedos o número de jogadores.. Não há incentivo de clubes, nem praças que tenham quadra de basquete, então o pessoal recorre as quadras externas de colégios públicos, e muitas vezes são barrados...
Em cidades que a cada quarteirão há 4 campos de futebol, é uma vergonha não ter um local onde possamos jogar.

Abraços, muito bom o blog

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