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Seleção, treinos aberto e os técnicos (Parte 2)

Viram os vídeos? Leram o blog do Paulo Murilo? Então, vamos a parte 2.

Quarto: se temos o Walter, profissional qualificadissimo, assistente na NCAA há 5 anos, atleta da NCAA, técnico de seleções universitárias brasileiras, técnico da seleção sub-18 que conquistou a vaga para o mundial sub-19, ex-atleta de seleção brasileira, excelente armador, para que trazermos o Magnano que, na reta final, nos impõe o auxiliar dele, outro argentino? Neto e João Marcelo, que são os que estão aprendendo ali, perderão espaço, além do chato rótulo de incapazes para assumir o posto de assistente-técnico de uma seleção adulta. E poderão estar do lado nos treinos, mas não planejarão junto o sistema de jogo, as formações. As funções deles os afastará de construir o time olímpico, se conquistarmos a vaga. Essa foi a grande sacada do Magnano: garantir o dele. E ele não tá errado nisso, enquanto profissional liberal, desde que faça o trabalho para o qual foi contratado – e com esse elenco, fará. Errada foi essa decisão da CBB, em não confiar em técnicos brasileiros para apaziguar a mídia e o basquete brasileiro... Não vai dar bom resultado... Vocês viram o que a Itália esta fazendo com o futebol? Reduziu o número de estrangeiros (não-comunitários) nas equipes do país. Logo após o fracasso na copa. A LNB aumentou o número de estrangeiros e a CBB contratou técnicos estrangeiros. Estamos sempre na contramão da história.

Um detalhe importante: ano passado, nas férias do basquete universitário americano, época que vem ao Brasil visitar familiares, Walter Roese veio a Pelotas, interagiu com alunos de educação física da ESEF-UFPel, com técnicos da cidade e não me cobrou nada. Ensinou, palestrou e ajudou o basquete gaúcho por três dias, com essa presença aqui e com o curso que deu em Porto Alegre também. Só pelas despesas. Sem prolabore. As pessoas não precisam fazer isso, mas depois de começar uma conversa, criar uma expectativa de que poderiam contribuir, manter a palavra, ser ético, honesto sobre as limitações de tempo e espaço é o mínimo que podem fazer. Quem viaja pelo Brasil pela CBB? Chico (Núcleo Basquete do Futuro) e o Barbosa. E só. Será que o Magnano, remunerado a peso de ouro, vai dar um curso em São Paulo após o mundial? Contar como foi esse primeiro ano no Brasil? Falar de planejamento? Explicar as escolhas? As decisões técnicas e as escolhas táticas? Só ele falando e interagindo com os técnicos brasileiros é que teremos alguma vantagem da vinda dele. Só dessa maneira é que uma formação em serviço ocorrerá e elevará o basquete brasileiro, já que não vejo grupos de estudos ou de discussão que se preocupem com o processo de formação... Creio que isso seja utopia...

Quinto: a reunião dos técnicos da NBB foi realizada para que cada um deles falasse sobre um tema. Por exemplo, vocês sabiam que a maioria dos contratos dos atletas são de 9 meses, ou seja, contrato de trabalho por tempo determinado, sem direito a clausulas trabalhistas? Eu não sabia... O atleta termina o NBB em abril e tem que correr para se sustentar por mais 4 ou 5 meses... Por isso existe o Milênio em SP nesse período... Como é que um atleta joga nessas condições? Claro que há exceções... Alguns recebem seus R$ 150.000,00 mês, por que conquistaram espaço e prestígio. A maioria corre atrás...

Sexto: o motivo da polêmica. Os dois treinos, no RJ, no último dia 26/7 e que foram divulgados na quinta-feira (22/7). E isso para estar lá na segunda. A primeira questão é que o RJ não é ali na esquina. A segunda o próprio Rodrigo já disse: Magnano não conversou com os presentes... O que teve de bom, então? Ver o Nenê, o Varejão, o SPliter, enfim, os atletas renomados de perto e o comportamentos dos novatos no meio deles. Sempre se aprende algo, o tempo todo. Mas não vejo vantagem concreta alguma nesse tipo de relação, apenas pelo prazer de estar perto de grandes jogadores vendo suas movimentações. A CBB tem que dizer: "Magnano, nessa fase de preparação, durante duas semanas, 4 técnicos do Sul, 4 do Nordeste irão acompanhar os treinamentos da seleção, do rair do sol ao toque de recolher". Aí, vai ter jantar, almoço, conversas informais e relação de aprendizado - já que somos a rapa do tacho e precisamos aprender com os hermanos... Do contrário, é só para a mídia ver e noticiar... Na época do Hélio Rubens, bastava combinar com a CBB e acompanhar os treinamentos da seleção. Até em viagens se tu tivesse interesse (e grana) era possível estar próximo e ver como funciona a organização. Conheço técnicos que fizeram isso.

Nosso basquete precisa profissionalizar-se e nossos técnicos precisam de estrutura para trabalhar. Precisamos nos unir e estudar. Mas unir não é só um amontoado dizendo "xiiisss" para fotos. E recomeçar, ensinar quem sabe menos, aprender ensinando, conversando. Crescer juntos.

Finalmente, eu acredito mais em Hélio Rubens do que em Magnano – este vai vencer, mas como já disse, com esse time, formado pela luta e coragem dos atletas brasileiros de irem para outros países construírem suas histórias, realizarem seus sonhos e se transformarem em ícones na Europa e na NBA, um bom técnico brasileiro também venceria.

Não pensem que vou secar a seleção para poder dizer “eu falei, eu avisei”, mas continuarei acreditando que não ganhamos nada, em termos de desenvolvimento de nosso basquete.

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