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É preciso massificar o basquete

O basquete brasileiro passa por uma grave crise, gerencial e quantitativa, no que se refere ao número de praticantes. Mais do que debatermos o sistema tático, a filosofa de jogo americana ou a européia (isso também é importante, e muito, mas secundário nesse momento), é urgente um debate em torno da formação, da construção de mecanismos que proporcionem um acréscimo quantitativo no número de praticantes, de clubes envolvidos com ligas e federações e de professores de educação física capazes de dar continuidade a um programa de massificação do basquete, através das escolas e da participação em torneios escolares, de ligas e das federações. Precisamos de atrativos para os olhos da molecada. Talvez o basquete de trios espanhol mereça uma análise mais profunda — lembro que na minha adolescência jogávamos 2 x 2 antes dos treinos e nos horários livres e fazíamos, por exemplo, pick-and-roll de forma tão natural que nem sonhávamos em pronunciar esse palavrão.

Na verdade a crise gerencial é uma conseqüência de posturas equivocadas a frente da administração do esporte e isso não é privilégio do nosso basquete. Outros esportes também atravessam essa crise. Entretanto, se olharmos para os lados veremos casos de sucesso, de organização e planejamento, como o voleibol. Então, temos algo a ser realizado nesse setor e precisamos saber como fazê-lo, com enfrentar as necessárias mudanças, como sairmos do lugar comum, da tranqüilidade do poder e refazer a jornada, traçar planos e metas capazes de serem atingidas e de mudarem o status quo do nosso basquete. Precisamos aprender com quem soube fazer; precisamos reconhecer os vencedores para também sermos parte desse seleto grupo.
No que se refere ao número de praticantes, creio que projetos bem desenvolvidos junto aos governos estaduais e municipais seriam capazes de alterar a realidade: na imensa maioria dos educandários não se joga basquete, principalmente nas escolas públicas, mesmo que as estas tenham uma quadra poliesportiva e infra-estrutura física (isso é raridade e não ser aproveitado é um crime) para a prática desse esporte. As idiossincrasias dos professores, somadas as deficiências na criação e manutenção de um currículo coerente na área da educação física escolar da rede pública, lhes autoriza o laissez-faire. Nisso, o ensino do esporte como componente curricular, como co-participe de uma política esportivo-educacional direcionado para a qualidade de vida é mera falácia. Aqui um parêntese: não cabe debater se o esporte é da ou na escola, pois minha visão é bem clara: o esporte é um só e o que difere é a forma como o professor se comporta, como desenvolve suas aulas regulares e seus projetos extra-classe.
Portanto, precisamos planejar a longo prazo. Devemos deixar nossa postura passional, que inevitavelmente nos leva a querermos mudanças imediatas, e partirmos para uma reflexão da história, buscar nos fatos o que nos tem levado ao fracasso e reerguermos o basquete, tijolo por tijolo. Será um absurdo ficarmos de fora de uma olimpíada pela terceira vez e devemos estar preparados para isso. Mas também devemos ser capazes de compreender que, caso haja a classificação, foi uma medida extrema que não massifica o esporte, não contribui com o crescimento do nosso esporte.

Comentários

Suzana Gutierrez disse…
Ola, Carlos Alexandre

No ano passado, participei da reuniao de avaliacao dos JERGS, a do basquete. Minhas equipes participaram em todas as categorias e a competicao , com excessao da etapa Porto Alegre, foi bem boa.
Nesta reuniao, surgiu aquele papo de sempre do estimulo ao esporte na escola, o parabens aos dedicados tecnicos. Mas, qdo questionadas as autoridades sobre o final dos treinamentos devido a reorganizacao do quadro de professores e aulas das escolas (isso que a Ieda vem fazendo/ a tal de enturmacao), sabe qual foi a ideia apresentada?
Que os professores dedicassem um dos periodos semanais das turmas para o treinamento. Ou seja, se houverem equipes nas escolas, estas seráo treinadas apenas se o professor doar do seu tempo livre, pois náo havera mais horario para treinamento.
Muitos professores ja treinam assim, no horario do almoco, pagando uniformes do bolso.
Se nao houver politicas publicas claras para estimular o trabalho nas escolas, nao tem como. E estas politicas passam pelas condicoes de trabalho dos professores.

Falo isso com tranquilidade, pois a minha escola eh publica, mas federal, e temos plano de carreira. meus treinos sao considerados aulas.
Porem, os colegas do Estado estao resistindo apenas por amor ao esporte.

Outro assunto. Na final do JERGS enfrentei a equipe que foi campea estadual pela federacao (clube corinthians). No interior eh bem comum a equipe do clube ser a mesma da escola.
A diferenca de nivel eh muito grande. Nas competicoes escolares, temos de ter cuidado com a participacao de equipes inteiramente formadas por atletas de clube, para nao desestimular. Se queremos mais praticantes, temos de considerar isso.
Competir nas competicoes da federacao (outro assunto) [e inviavel para a maioria das escolas. Muito caro!
Na minha adolescencia eu competia anualmente no DIA DO (voleibol, basquete, ...) Um dia inteiro jogando. Gratis! Eu jogava Volei e me lembro das mais de 10 quadras montadas no campo de futebol do Farroupilha. Isso eh uma boa iniciativa.

abraco
Anônimo disse…
Acredito que um dos problemas da crise do basquetebol nacional não seja nem a falta da massificação do basquete aki, minha atual cidade, graças a deus, nos últimos 5 anos teve um desenvolvimento gigantesco em termos de quantidade de praticantes da modalidade, de 2 clubes e alguns colegios particulares treinando o basquete, passamos a ter 20 polos de treinamento dentro da cidade organizada pela associação de pais e amigos do basquete da cidade, com apoio da prefeitura e de alguns patrocinadores.
Mas mesmo com esse grande avanço que tivemos na cidade, o nível do basquete desses mesmos praticantes é em grande parte muito fraco eu diria, pois acredito que o modo como ensinamos e como colocamos os objetivos dentro dos treinamentos é equivocado, vejo crianças de 12 a 14 anos de idade treinamento 70 a 90% das unidades de treinamento com atividades gerais e algumas especificas, deixando muito de lado a parte competiviva ou de jogo, vejo atletas com alta capacidade técnica de dominio de bola e arremessadores incriveis fora de jogo, mas em quadra um total desastre, pois não sabem o que fazer com a bola, quando arremessar, não conseguem sair da marcação, se apresentam para jogar na hora errada, não sabem jogar sem bola, acredito que a maior preocupação de nós professores de basquetebol seja de propiciar um melhor desenvolvimento das capacidades psicomotoras dos atletas, a reflexão em quadra, a importância da velocidade nos movimentos, a noção de ritmo e de timing não só do atleta em si, mas em grupo.

Concordo plenamente nesta falta de incentivo, pois eu, nascido e criado na cidade de Passo Fundo-RS, vivi na minha infância e até os 18 anos, uma incrivel falta de incentivo ao basquete, sem lugar para praticar, escolas estaduais sem uma tabela para jogar, professores das mesmas escolas sem habilidade para ensinar a modalidade, campeonatos municipais com 3 ou 4 equipes na maioria das categoriaas (todas elas de colégios particulares), enfim, muita coisa precisa mudar em relação ao incentivo do esporte no Brasil, mas peço aos professores e treinadores que reflitam como e porque estão utilizando certos métodos de ensino, se realmente funcionam, uma analise nestes problemas citados anteriormente podem auxiliar e muito no desenvolvimento da nossa modalidade no país.

Carlos Eduardo (Formando em E.F pela FURB-Blumenau, Estagiário de E.F do Colégio Bom Jesus - Blumenau)

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