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Basquete em cadeira de rodas, entrevista com o treinador da seleção Tiago Frank

Tiago Frank, gaúcho treinador da seleção de basquete em cadeira de rodas
Hoje trago aqui uma entrevista com Tiago Frank, gaúcho treinador da Seleção Brasileira de Basquetebol em cadeira de rodas, que fez uma brilhante trajetória nas Paraolimpíadas e segue em evolução. Tiago respondeu algumas questões sobre o esporte e sobre a emoção de participar das Paraolimpíadas em casa.

1. Como foi poder participar de uma Paraolimpíada em casa?

A atmosfera era incrível. O carinho da torcida com todos os membros da equipe, a energia na arena e parque paraolímpico, contagiou o grupo positivamente. Sem dúvidas, uma experiência única na vida dos atletas e dos membros da comissão técnica. Particularmente, fiquei feliz em presenciar esse clima de prestígio, aceitação e apoio para com o esporte paraolímpico. O espetáculo do basquete em cadeira de rodas surpreendeu o público. As arenas estiveram lotadas e a modalidade foi a mais procurada nos jogos.

2. Como foi controlar as emoções de estar jogando em sua casa? Sentiram muita pressão?

Atuar em um ginásio diante da torcida brasileira exigiu um elevado nível de concentração a fim de controlar as cargas emocionais. Acredito que todos os membros da equipe estavam muito envolvidos com o evento. É claro que no universo do alto rendimento a emoção em excesso atrapalha, pois dificulta uma tomada de decisão racionalizada. Por este motivo, trabalhamos constantemente o fortalecimento mental dos atletas. Porém, confesso que principalmente na estreia contra os EUA foi difícil manter o controle. Isso pesou e refletiu no jogo. Agora, foi sensacional o apoio da torcida durante todos os jogos, independente do placar ou resultado. Ter um grande público tão próximo e envolvido foi uma experiência nova, diferente do que estamos acostumados em partidas de campeonatos estaduais, nacionais e até mesmo no cenário internacional. Como isso se repetiu da primeira para as demais partidas, passou a se tornar natural e aprendemos a lidar com a situação, até mesmo, em usar a nosso favor.

3. Durante a preparação para os jogos como estava a motivação dos atletas? E a tua?

A motivação do grupo era alta. A expectativa de muitos em estrear em uma Paraolimpíada era grande. Por isso a necessidade em encontrar um ponto de equilíbrio a fim de utilizar o máximo de nossas potencialidades.

4. Como avalias a participação do Basquete em cadeira de rodas? Atingiram as metas planejadas?

Acredito que tivemos altos e baixos durante a competição. Como ponto alto, destaco a partida diante da equipe da Austrália, atual campeã Mundial. Enfrentamos os australianos na disputa do 5° lugar e saímos com um resultado positivo em uma partida bem equilibrada (70 x 69). Equipes como Austrália, Estados Unidos, Grã Bretanha, Espanha, entre outras, exigem um nível de excelência com alto padrão de jogo. Em alguns momentos pecamos em detalhes, o que comprometeu resultados, como o que ocorreu com a Turquia nas quartas de final por exemplo. Também penso, que este ponto alto em nossa última partida da jornada ocorreu , principalmente, por dois fatores: o amadurecimento da equipe e a capacidade de união do grupo. Todos acreditavam na força, o espírito de equipe, do início ao fim. Nosso objetivo era a inédita classificação para as quartas de final, algo que conquistamos com propriedade, pois classificamos em 3° no grupo. Atingir a 5° colocação foi um resultado positivo. Evidentemente que, observando a partida contra os Turcos em comparação com o que apresentamos com a Austrália, o "sentimento" é de que poderíamos ir mais além. Mas estamos satisfeitos por atingir nossos objetivos em termos de resultados, consequência do esforço e dedicação de todos os membros da equipe e também da diretoria do CBBC que proporcionou as condições necessárias, dentro das possibilidades, para a preparação da equipe.

5. Como avalias a diferença que a televisão deu aos jogos paraolímpicos, na aberta nem se transmitiu nada e na fechada com uma redução grande nas grades de programação? 

Espero que os Jogos Paralímpicos no Brasil tenham ajudado a impulsionar a conquista de um maior espaço na mídia. Se comparar com edições anteriores, houve avanços nesse aspecto. É evidente que minha expectativa é de que haja o mesmo reconhecimento dos Jogos Olímpicos, mas isso é um processo. Penso que o fato das arenas lotarem e da grande massa acompanhar os Jogos Paralímpicos impulsionará cada vez mais uma mídia especializada no segmento e uma ampla cobertura, afinal de contas, trata-se de um espetáculo e quem esteve nessa atmosfera percebeu o quão grandioso é o movimento Paralímpico. Praticamente todos os jogos de basquete em cadeira de rodas foram transmitidos, porém, a internet é um meio que também pode auxiliar nessa ampla difusão do paradesporto em todos seus níveis.

6. O Brasil superou suas expectativas nesses jogos?
Acredito que tenha contemplado a tua pergunta falando especificamente do BCR.

7. Como vês o futuro da modalidade? Acredita num crescimento de praticantes?

Sim, inclusive já existem fatos que comprovam esse aumento. Um exemplo disso é a ADD/SP que antes das Paralimpíadas recebia 5 pedidos por mês para participar das atividades, depois dos Jogos, em duas semanas, recebeu 53 pedidos. (fonte:
http://g1.globo.com/jornal-nacional/videos/t/edicoes/v/legado-da-paralimpiada-aumenta-o-interesse-pelo-esporte-adaptado/5341640/).
O basquete em cadeira de rodas é uma modalidade com grande procura entre os sujeitos com deficiência física elegíveis para a modalidade e existem diversas equipes distribuídas pelo Brasil. Porém é um esporte que exige um alto nível de comprometimento e dedicação para que o atleta venha a se desenvolver com uma elevada técnica, caso seja o desejo de representar uma Seleção Brasileira.
Também, devemos pensar nas categorias de base e a inserção da modalidade de basquete em cadeira de rodas nas Paralimpíadas Escolares, evento organizado pelo CPB. Esta ação poderia ajudar a alavancar novos adeptos, crianças e jovens com idade escolar. Uma ferramenta para viabilizar essa promoção seria por meio do basquete 3x3, pois seria mais fácil encontrar 3 alunos elegíveis em um único estado.

8. Qual o momento mais emocionante que vivesses nesses jogos?

As arenas lotadas e o carinho do público com os atletas. Além, é claro, dos últimos 21 segundos da partida entre Brasil e Austrália na disputa de 5º lugar.

9. Acreditas que temos chances de ser uma potência no esporte paraolímpico?

Sim, podemos considerar que já somos.

10. Deixe um recado aos leitores.

Com frequência, utilizava na preparação dos atletas passagens de livros de renomados técnicos de basquetebol, e essa frase de John Wooden sintetiza a concepção que tivemos de resultado no decorrer das Paralimpíadas:
"O sucesso é a paz de espírito proveniente da consciência de que você fez o maior esforço possível para se tornar o melhor dentro do seu potencial."

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