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Bate bapo com Miguel Ângelo da Luz

Medalha de prata Atlanta 1996

   Quando pensamos no esporte de maneira geral, lembramos sempre dos grandes atletas e deixamos de lado os responsáveis por um trabalho fundamental. Os treinadores são os cérebros por trás das equipes, quando falamos em basquete muitas vezes lembramos de Pat Riley, Phil Jackson, Greg Popovich.
   Em nosso país temos um grande treinador, que trabalhou com os grandes nomes do basquete brasileiro (Oscar, Janeth, Hortência, Paula), estou falando de Miguel Ângelo da Luz, técnico campeão mundial e medalha de prata olímpica com a seleção feminina, a melhor geração da história do basquete brasileiro. Nesse bate papo falamos sobre a carreira, o futuro da modalidade no país e as dificuldades em desenvolver o esporte.


1) Como conheceu o basquetebol, seu primeiro contato?

MIGUEL: Jogava tênis no Clube de Regatas Vasco da Gama, quando um diretor de Basquete viu dez garotos e fez convite para fazer um teste na escolinha do clube. Fui o único que não queria. Cedi a pressão do irmão mais velho e acabei indo.

2) Chegou a jogar basquete profissional?

MIGUEL: Sim, no próprio clube (Vasco da Gama).

3) Quando começou a carreira como treinador?

MIGUEL:  Em 1981. Iniciei como professor de uma escolinha e em três meses já estava como técnico da categoria infantil, hoje sub-13.

4) Quem forma técnicos de basquete no Brasil atualmente?

MIGUEL: Infelizmente não é nos cursos de graduação de Educação Física. Na maioria das vezes são ex-atletas que entram na Universidade e começam a trabalhar em uma instituição que pode ser num projeto da prefeitura ou em clube.

5) Em qual clube teve mais conquistas?

MIGUEL: Clube de Regatas Flamengo

6) Você fez parte da melhor geração do basquete feminino nacional. Como tu vês o futuro do basquete feminino hoje?

MIGUEL: Me preocupo bastante. Não vejo interesse dos clubes, federações e prefeituras para o desenvolvimento da modalidade. Algumas pessoas abnegadas que conseguem manter essa chama acesa.

7) Falta um trabalho mais adequado nas categorias de base?

MIGUEL: Sim, a Confederação juntamente com as federações estaduais precisam urgentemente aumentar a pirâmide da base. O problema que isso não da mídia. As escolas poderiam ter uma participação mais efetiva também.

8) Quatro anos depois, como o senhor avalia o esporte brasileiro em geral e o basquete, particularmente, pós Jogos Olímpicos do Rio 2016.

MIGUEL: Entrou em decadência. Achava que o número de participantes iria aumentar, vejo raríssimos projetos nesse imenso país.

9) Comparado com o século passado, quando tivemos conquistas internacionais, o nível técnico do nosso basquete evoluiu, estacionou ou regrediu? Por quê?

MIGUEL: Regrediu. Não consigo ver jogadores (as) tão talentosos como tinha antigamente. O motivo é o já citado acima, não há política de investimento na base.

10) O COB contratou, a peso de ouro, 56 treinadores estrangeiros para 26 modalidades, a fim de preparar a nossa equipe olímpica. Isso demonstra como somos frágeis nesse quesito? O basquete se insere nessa questão?

MIGUEL: O Brasil tem vários treinadores de excelente nível técnico. Geralmente esses treinadores estrangeiros não vivenciam o dia a dia do esporte. Se eles vivessem aqui, o trabalho poderia ter melhores resultados.

11) Na sua opinião o que falta para o Brasil evoluir e ser uma força mundial?

MIGUEL: Não vou dizer que teria de começar do zero, basta dar a mesma importância na base que dá para equipe principal.

12) Como foi trabalhar com grandes nomes do esporte, como Paula e Hortência? Como era a relação com elas?

MIGUEL: Sou um privilegiado. Acho que sou o único treinador que conseguiu trabalhar com os grandes nomes do basquete brasileiro nos últimos 20 anos. Paula, Hortência, Janete, Oscar, Marcelinho Machado. Minha relação com todos os citados foi muito fácil. Todos adoravam treinar muito, então se tornou um trabalho bem suave.

13) O campeonato mundial feminino foi sua maior conquista na carreira?

MIGUEL: Juntamente com a medalha de prata na Olimpíada de Atlanta 1996.

14) Como gestor esportivo, qual a maior dificuldade para trabalhar com o basquete no Brasil?

MIGUEL: Conviver com vice-presidentes que não entendiam nada e não tinham humildade suficiente para perguntar.

15) No atual cenário político, como o esporte pode se desenvolver pensando no futuro da modalidade?

MIGUEL: Se reestruturar de fora para dentro. Deixar que gestores façam administração sem interferência.

16) Quanto a naturalização de atletas estrangeiros, qual a sua opinião? Faltam atletas de qualidade em nosso país?

MIGUEL: Acho que se o (a) atleta residir aqui e conhecer toda a estrutura, não tenho oposição. No feminino a carência é maior.

17) Quando falamos de basquete logo lembramos dos Estados Unidos. Eles serão sempre a referência para os demais países?

MIGUEL: Sim, lá o trabalho de base é levado a sério. Esse é o segredo.

18) Deixe um recado para nossos leitores e muito obrigado pela sua participação.

MIGUEL: Gosto muito dessa reflexão: “O importante não é fazer um time campeão. O importante é fazer jovens campeões”.

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