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Bate-papo com Guilherme Giovanonni

16 anos de Seleção Brasileira e muitas conquistas


    Hoje trago um bate-papo muito especial, com um grande nome da nossa Seleção Brasileira de basquete, Guilherme Giovannoni. Tricampeão do NBB, duas vezes MVP das finais e MVP do NBB em 2011, três vezes campeão Sul-Americano de Clubes e duas vezes o MVP desse torneio, além dos 16 anos como atleta da seleção brasileira. Atualmente atuando como comentarista na ESPN, conversamos sobre sua trajetória no esporte, o futuro da modalidade e sobre a nova carreira. 

1- Como conheceu o basquete? Seu primeiro contato.

   Giovannoni: Eu conheci o basquete com oito anos de idade, influência totalmente da minha família, meu pai jogou um pouquinho, meus irmãos mais velhos já estavam na escola de basquete. E eu acabei seguindo os passos deles também e me apaixonei pelo esporte.

2- Quem foi sua inspiração no começo da carreira?

   Giovannoni: As inspirações claro era a seleção masculina de basquete, que na época ali, tinha acabado de ganhar o Pan de Indianapolis. Mas acho que mais do que isso foi o basquete feminino que em Piracicaba era muito forte, na época era um time que tinha Paula, BRanca, Marta, Nadia, Janeth, um timaço né. E a gente ia muito ao ginásio, então acabaram sendo minhas primeiras ídolas. 

3- Nesse começo, como era a estrutura e os treinamentos?

   Giovannoni: A estrutura que eu tinha era de um clube, então era uma estrutura até que razoável. Tive o privilégio de não ter que depender de uma escola pública ou de um projeto que talvez não tivesse tanta estrutura assim, então eu tive um bom início.

4- Por quais clubes passou?

   Giovannoni: Eu passei por muitos clubes, se a gente pensar nas categorias de bas também, foram Cristóvão Colombo de Piracicaba, depois Rio Claro, Pinheiros e aí eu acho que já foi ontem eu tive minha primeira participação na equipe adulta. Aí depois Fuenlabrada da Espanha, Gijon também da Espanha, COC Ribeirão, Rimini da Itália, Beneton Treviso, Biella, Virtus Bologna, BK Kyiv na Ucrânia, Brasília, Vasco e Corinthians.

5- De todos os títulos por clubes, qual mais importante?

   Giovannoni: Os títulos de clube eu tive  alguns bem importantes, acho que o tricampeonato do NBB foi muito importante. Mas também o campeonato que ganhei com a Virtus Bologna na Itália, que foi o FIBA Euro Chalenge que era um campeonato europeu também está entre os principais. 

Muitas conquistas em Brasília

6- Por qual equipe teve mais conquistas?

   Giovannoni: A equipe que eu mais tive conquistas foi a equipe de Brasilia, foram três NBB e três Liga Sul Americanas que a gente conquistou. Mais algumas séries de final four de Liga das Américas e Sul Americano também.

7- Você acredita que falta um trabalho melhor nas categorias de base?

   Giovannoni: Falta sem dúvida alguma um trabalho muito  melhor nas categorias de base, mas falta uma política de desenvolver jogadores né? E pra isso a gente precisa de uma política que desenvolva nossos treinadores, que são eles que vão incentivar e motivar os garotos a jogar e a querer melhorar.

8- Como atleta olímpico, como tu avalia o investimento nos esportes em nosso país?

   Giovannoni: Os investimentos no nosso país em relação ao esporte são pífios,  a gente como cultura mesmo não tem por apoiar o esporte, o que a gente acha são alguns patrocinadores que são apaixonados pelo esporte, vão la por paixão e acabam apoiando. Mas a gente não tem uma cultura de pensar o esporte como um negócio e isso, a gente fica sempre na dependência da paixão das pessoas.

9- Como foi participar de tantas competições importantes com a Seleção Brasileia? Qual delas foi a mais marcante?

   Giovannoni: Foram muitas participações com a Seleção Brasileira, eu passei quase 20 anos, mais de 20 anos entre categorias de base e o adulto, só de adulto foram 16 anos. Então é muita competição, claro que as Olimpíadas são sempre muito marcantes, tanto a de Londres quanto a do Rio foi espetacular ter jogado. A de Londres a gente teve até um resultado positivo, a do Rio infelizmente a gente caiu num grupo muito duro e por muito pouco a gente não passou pras quartas. Mais sem dúvidas, as Olimpíadas.

10- Qual conquista tu consideras a mais expressiva e qual a mais marcante com a Seleção?

   Giovannoni: Bom nós tivemos alguns títulos, os títulos de Copa América sempre foram muito importantes. O Pan de 2003, mas como conquista mesmo assim, eu acho que a vaga pra Olimpíada de Londres em 2011 lá em Mar del Plata foi muito marcante pra todo mundo que tava naquela equipe, depois de tanto tempo fora das Olimpíadas a gente com uma equipe desfalcada acabou conquistando a vaga.

11- Como foi a sensação de participar dos Jogos Olímpicos no Rio?

   Giovannoni: Foi espetacular jogar a Olimpíada do Rio. Eu, você vê, todos esses anos de seleção brasileira adulta eu nunca tinha jogado um torneio oficial com a seleção no Brasil. E coincidiu exatamente com as Olimpíadas, que a foi o último que eu joguei com a seleção, foi realmente espetacular.

12- Passados quatro anos dos Jogos no Rio, como tu avalias o esporte nacional?

   Giovannoni: O esporte nacional, infelizmente, continua da mesma maneira. O pessoal só começa a pensar em esporte quando começa a chegar perto das Olimpíadas né? Aí é quando vem alguns investimentos e nunca pensam que o investimento, ele é sempre a longo prazo, contínuo, a gente não pode ser tão sazonal assim.

13- Comparado com o século passado, onde tivemos muitas conquistas internacionais, o nível técnico do nosso basquete evoluiu, estacionou ou regrediu? Por quê?

   Giovannoni: O nível técnico do nosso basquete, claro ele melhorou, porque é normal que melhore, que evolua. Mais a gente tem que pensar que o mundo todo está evoluindo, e qual que é a nossa velocidade de evolução? Eu acho que a gente não acompanha as principais potências, e por isso que a gente fica sempre um pouquinho pra trás. Então a gente precisa realmente repensar como é feito o nosso esporte aqui no Brasil.

14- Como foi defender a seleção brasileira por 16 anos? O que tu observas que evoluiu nesse tempo e como tu enxergas a nova safra de atletas?

   Giovannoni: Cara, assim, foi sempre uma alegria quando chegava uma convocação por mais que desse já como contado, que tivesse meio certo. Eu sempre, de criança tinha o sonho de defender a seleção brasileira e esse sonho foi conquistado e aí já era mais como objetivo me manter na seleção. Acho que hoje a gente vê, lógico que a influência da NBA faz um bem danado pro basquete brasileiro, mas em relação a seleção os atletas jovens não dão o devido valor a seleção né? Já querem pensar muito mais além do que a seleção, e a seleção é super importante pra carreira de qualquer atleta. 

15- Como tu enxergas o futuro da modalidade em nosso país, levando em consideração os investimentos que o esporte recebe.

   Giovannoni: O futuro do esporte ele depende muito da política pública que a gente está vivendo, independente de quem está no governo. Mas a gente tem que pensar que, enquanto os esportes não voltarem pras escolas a gente vai ficar se arrastando, acho que esse que é o problema. A gente precisa ter uma politica pública onde mais garotos tenham acesso, não só ao basquete mas a todos os esportes.

16- Por algum momento, tu pensou em ser treinador após encerrar a carreira de atleta?

   Giovannoni: Já pensei sim em ser treinador, já fiz até curso de treinador, um curso da Argentina e contínuo estudando. Na verdade, assim que passar esse período de pandemia eu devo começar a viajar pra estudar, com períodos em alguns times, pra continuar me atualizando e depois se aparecer uma oportunidade legal, eu sem dúvida alguma vou considerar.

Carreira nova como comentarista

17- Fala um pouco como é trabalhar como comentarista. Dá mais trabalho que ser atleta?

   Giovanonni: O trabalho de comentarista envolve muito estudo, eu sempre gostei de ver muito jogo, como todos nós gostamos, mas eu tenho que ver com um olhar um pouco mais crítico pra eu tentar passar pra quem está acompanhando, aquilo que estou enxergando do jogo. Onde cada equipe pode melhorar e o que deve fazer pra vencer o jogo ou não, então pra cada jogo que eu faço, estudo cerca de duas, três horas mais o que eu faço todo dia de ver esses jogos. Então tem uma dedicação muito grande, mas jogar basquete claro que era muito mais gostoso.

18- Como é trabalhar com caras como Romulo Mendonça, Bulgarelli, Paulo Antunes? Rola muita brincadiera atrás das cameras?

   Giovannoni: Trabalhar na tv é bem legal, o pessoal é muito bacana, o Rômulo, o Paulo, eles são realmente muito parceiros. Então, é claro que a gente vai criando um relacionamento fora da tv. Bom, o Rômulo acho que dá até pra ver as risadas que a gente dá, com os fatos, a maneira com que ele faz o trabalho é espetacular. 

19- Como comentarista qual momento mais marcante que vivenciou?

   Giovannoni: Bom, como comentarista, teve um jogo na temporada passada que eu tava fazendo, o Fernando Nardini tava narrando e foi nos Playoffs entre Portland e Oklahoma City. E teve aquela bola sensacional de três pontos do Damian Lillard, que ele meteu pra acabar com a série, e aquilo sem dúvida foi muito marcante. E depois, claro, participar das finais, as finais são sempre muito espetaculares.

20- Os Estados Unidos serão sempre a referência do basquete mundial?

   Giovannoni: Olha, os Estados Unidos têm como cultura de país, sempre ter muito esporte né? E a gente vê isso desde as escolas, como eu já citei aqui antes, já é cultivado essa cultura desde muito cedo. Então dificilmente eles perdem esse lugar de ser referência no esporte, exatamente por isso, porque é cultivado desde muito cedo.

21- Deixe um recado para os leitores.

   Giovannoni: Espero que os leitores tenham gostado da entrevista, que eu tenha podido passar um pouquinho do que foi minha carreira e do que é minha vivência com basquete. O basquete realmente é um esporte apaixonante e uma vez que entra na nossa vida, é quase impossível sair.

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