Quando nossa seleção
Sub-19 perdeu o jogo para a Argentina, eu me frustrei demais.
Essa é a consequência de acreditar em um time que não vai a lugar algum. Acontece muito com o meu Grêmio aqui. Mas esses moleques não são um time, por que os moleques desse grupo formaram uma equipe e são uma ótima safra de jogadores. Só resta
saber se conseguirão vingar se ficarem no basquete brasileiro – lembremos dos
moleques de 2007... Bom que alguns já estão em equipes europeias, universidades americanas
e em clubes do NBB. Torçamos que conquistem espaços nessa fase de transição da
adolescência para a vida adulta.
Imediatamente
após o jogo comecei a pensar e pesquisar. Freneticamente! A primeira coisa que fiz foi ir atrás dos números da Copa América
de 2010. Na CBB nada além do resultado dos jogos. Nem a
lista dos atletas esta lá. Incrível! Só se vive o presente nesse país e se deixa
de lado o passado que pode nos ensinar tanto. Tudo vira lenda no basquete
brasileiro por que a história só é passada de forma oral, não se faz a
armazenagem e divulgação de dados.
Enfim, tive que
pesquisar em notícias e notas oficiais para saber quem estava lá, em San
Antonio, um ano atrás.
Mas a estatística
da competição, fui encontrar no site da USA Basketball. Lá tinha o resumo do desempenho do Brasil Sub-18 sob a batuta do
Walter Roese.
Resolvi comparar e
criei os gráficos espalhados nessa postagem que mostram a estagnação da seleção
Sub-19, na fase que os jovens estão treinando, aperfeiçoando e qualificando os
diversos movimentos da modalidade.
Eu entendo por
treinamento o processo no qual uma pessoa busca adquirir e aperfeiçoar
habilidades que já possui e que, aperfeiçoadas, lhe permitarão desenvolver suas
tarefas com maior precisão, eficiência, eficácia, maior índice de acerto, ou
seja, muito melhor do que fazia antes de passar pelo treinamento. Isso é na vida
e no esporte. Por isso que no treinamento desportivo se faz pré-teste
(permitindo prescrever o treinamento para elevar o nível físico-técnico do
atleta), pós teste (para medir se deu resultado o que foi proposto e colocado em
prática) e se faz a periodização do treinamento, visando o peak na competição
mais importante do ano. Mas isso é básico e na CBB todos sabem disso.
Tanto sabem, que criaram uma
seleção de desenvolvimento. Belissímo projeto! Mandaram para o interior de Minas
Gerais 16 jovens atletas e os estavam preparando para o mundial Sub-19. Bem,
coincidentemente quando critiquei pela primeira vez a CBB lançou uma avaliação da seleção de desenvolvimento,
alegando que o objetivo era desenvolver conceitos de jogo e elevar o nível
técnico e físico de atletas com potencial para as seleções brasileiras. Somente
16 atletas teriam potencial para representar o Brasil no futuro? Isso sendo que
alguns desses dezesseis atletas foram para lá com 15 e/ou 16 anos? Serão, todos,
jogadores de basquete em 2021?
Então, se o nível
técnico e físico elevou-se e cinco (05)
desses jovens foram para o Mundial da Letônia, além dos oito (08) que se juntaram ao grupo em São Sebastião do Paraíso em maio e que estavam em seus
clubes até então, é correto afirmar que quatro (04) jogadores da seleção sub-19
deste ano estavam na seleção de desenvolvimento desde 05/02. Mas também é
correto afirma que dos treze jovens que partiram para amistosos e
torneios na Europa, apenas dois (02) saíram desse projeto e apenas (01) permaneceu com a equipe no Mundial.

Com todo o treinamento da tal seleção de desenvolvimento, cometemos mais erros no Mundial do que havíamos cometido na Copa América. Diferença insignificante, mas mostra que tecnicamente não houve o progresso esperado, assim como as bolas roubadas mostram que não evoluímos na marcação – uma boa defesa gera tornouvers na equipe adversária e facilita o roubo de bolas. A estatística mostra que a defesa não evoluiu em um ano.
Agora, vamos analisar o
desempenho de três
pontos. Percebe-se imediatamente que o desempenho piorou. sim, piorou! Em seis jogos, foram 82 ataques com arremessos
de longa distância errados e que não sabemos nas mãos de quem ficou a bola, consequência do rebote ofertado.
Imaginem 40 desses ataques sendo convertidos de dois pontos… São mais 10 pontos
por jogo para o Brasil. Bom, né!?!
Viram os lances livres? Melhorou um
pouco, mas elevar em 4 lances a cada 100 é uma piada! Aliás, entre todas as seleções, desempenho nos lance livre acima de 75% foi raridade nesse mundial Bem, eu trabalho lance livre sob a percepção de que é preciso criar um ritual e se concentrar a cada vez
que conquistar o espaço da linha de lance livre. Com a Hortência na CBB, quantas
vezes ela foi palestrar para os atletas sobre o que ela realmente sabe? Ensinar
a técnica de lance livre para os atletas é algo de grande utilidade...
Brigamos nos rebotes, mas pegamos
menos do que na Copa América. E não pensem que nosso time é baixo: Walter Roese
fez uma análise do Mundial e colocou que estamos entre as cinco (05) seleções com um
contingente de alas, alas-pivôs e pivôs bem altos. Então, o que houve? Rebote não é só saltar e
pegar a bola. É um conjunto de posicionamentos defensivos e de responsabilidades
que levam aquela bola que ressalta no aro ou bate só na tabela. Por exemplo: marcar e dificultar a finalização dos
adversários é muito importante nesse processo.
Outra coisa me
intrigou: o bola ao alto. Só existe um bola ao alto no jogo e o Bebê não sair
jogando, garantir a primeira posse de bola é algo irritante. É só para dizer que
o moleque que iria para o draft da NBA não é tudo isso? Essa mania de brasileiro
desvalorizar quem esta na luta e conquistando espaços por suas qualificações é
muito ruim. Mas e quem saltava na única bola ao alto da partida? Arthur
Casimiro. Nada contra o guri, ele é boa gente, educadíssimo, jogou no GNU, é
gaúcho e eu estou analisando parte das estatísticas da seleção no mundial sub-19. Mas ele está pesadinho e o Bebê tem 2,13m. e uma explosão cavalar. Essa mania de querer que o
Bebê vinha do banco, acabou com a estima do guri que mal conseguia jogar (vejam
a foto, sintam a irritação dele ao ser substituído).

O resumo dessa ópera é
o de sempre: dinheiro! Justificar-se-á ao COB e a Eletrobras os gastos da
seleção de desenvolvimento, a presença de Rubén Magnano em São Sebastião do
Paraíso, a permanente presença do técnico da Sub-19 e de todo o staff necessário
para manter o projeto em andamento. É claro que a CBB dará uma mascarada nas
contas. Tem sido sido assim, como já foi demonstrado em diversos blogs,
especialmente a partir da análise do balanço da CBB debulhado no Bala na Cesta.
Aliás, a CBV faz tudo isso em um centro de treinamento e nós gastamos 5 meses de
hotel. Tá sobrando!
De prático para o
nosso basquete fica que a presença de Rubén Magnano na Seleção de
Desenvolvimento não nos ajudou a vencer a Argentina, pela quarta vez, diga-se de
passagem: em 2010 no Mundial Adulto e em 2011 a Sub-15 e a Sub-16 em maio e
Sub-19 em julho de 2011. Sugiro acender um alerta vermelho gigantesco,
deixando-o piscar ininterruptamente até o grande técnico, salvador do baloncesto
na pátria de chuteiras, obter um resultado positivo contra seu país. Serve na
base, viu? Serve na Sub-17 agora em julho – aliás, por lá o clima não deve estar
bom, depois da mal contada história do corte de Dimitri Souza.
Lembrem da explicação
da CBB sobre o projeto, a presença do técnico da adulta por lá que queria
intervir mais no processo de base, do provável overtraining e suas consequentes lesões, que os atletas saíram de lá com elas e estão virando-se por conta e etc. Fica claro que Rubén Magnano não esta
levando o Brasil a vitórias. Queria intervir na base? Interviu e não adiantou
nada. Continuamos fregueses…
Nesse caso, treinar, não resolveu nosso problema e não fez o Brasil conquistar resultados positivos entre os maiores do basquete mundial.
Nesse caso, treinar, não resolveu nosso problema e não fez o Brasil conquistar resultados positivos entre os maiores do basquete mundial.
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